Luís Campos compareceu na sala de imprensa completamente fora de si. De olhar exaltado e aos gritos começou a falar antes de se lhe colocarem questões. «Não me chamo Marcelo Rebelo de Sousa, o que tenho a dizer, digo-o. E não me vão calar», começou por referir. «O mal do futebol português é que, tal como em Portugal, não há democracia. As pessoas são penalizadas e calam-se. Mas a mim não me vão calar. Estou a ser perseguido por ter falado numa dada altura, mas não é por isso que me vão calar».
A razão era, claro, a arbitragem de Bruno Paixão. «Os senhores da APAF sabem o que se passou em Coimbra, sabem dos penalties sobre o Júlio César e o Carlitos que não foram assinalados e mandam para aqui o Rui Costa [quarto-árbitro] que foi quem nos prejudicou. Isto é uma vergonha. Que futebol é este? O senhor Bruno Paixão fez o que fez e vai ter mais uma nota de 8,5, de certeza». O que serviu para chegar ao essencial. «Nós temos bons árbitros, o problema não são eles. O problema é quem manda neles».
As queixas eram muitas. «Como é possível, numa altura em que está 0-0, assinalar fora-de-jogo ao Júlio César quando ele parte de trás, no mínimo em linha com o último defesa?», interrogou. «Já não é a primeira vez que o senhor João Tomatas me faz isto» Mas havia mais. «O Gregory é expulso por uma bola na mão clara. E depois marcaram os dois, árbitro e assistente, penalty sobre o Júlio César, os jogadores do Sp. Braga fizeram pressão e o árbitro mudou a decisão. A mim não me vão calar», gritou.
Interrogado sobre se já tinha visto as imagens, Luís Campos disse que não precisava. «Não sei se foi penalty, o que sei é que árbitro e assistente marcaram falta e mudaram a decisão por terem sido pressionados», referiu. «Se querem pôr-me fora do futebol português, não o vão conseguir. Eu tenho tomates, não vou fugir. Nem que vá para o outro lado do mundo, vou continuar a treinar e quando estas pessoas caírem, por que vão cair, eu volto. Eles, mais tarde ou mais cedo, terão de cair». O Gil Vicente, entretanto, continua em último. Sentir-se-á Luís Campos em perigo de ser despedido? «Vou treinar os meus jogadores para irem ganhar a Guimarães», respondeu. «Não me sinto pressionado».