Seis portugueses à descoberta de um mundo novo, em Hong-Kong. Jorge Amaral foi convidado para orientar o South China, clube mais representativo do futebol local, e levou consigo uma mão-cheia de elementos oriundos de Portugal. João Festas, antigo campeão europeu ao serviço do F.C. Porto, assume o cargo de treinador-adjunto, numa equipa que conta com reforços como Marco Almeida, Correia, Carlos Oliveira e Hugo Coelho. O South China conta ainda com um goleador de peso, o experiente Detinho, brasileiro que ganhou alguma reputação nos relvados lusos.
A comitiva está em Hong-Kong há dois meses e o saldo é positivo, apesar das dificuldades logísticas com que se deparam diariamente. O presidente do clube, onde Pedro Xavier alinhou em meados da década de 90, exige que o South China conquiste o título, apesar da equipa só ter escapado da despromoção, na temporada transacta, através de uma manobra na secretaria.
Álvaro Magalhães, ex-adjunto de Trapattoni e treinador da Naval 1º de Maio, foi o primeiro treinador português a ser abordado, através de um empresário residente em Macau. O técnico não ficou agradado com as condições apresentadas, considerando-as insuficientes para abandonar o seu país. Jorge Amaral, ex-guarda-redes que orientou clubes como o Bragança, Penafiel e Lousada, deparou-se com os mesmos obstáculos mas acabou por aceitar o convite, aliciado pela possibilidade de conhecer um «novo Mundo».
Face à pouca qualidade do plantel, endereçou vários convites a jogadores conhecidos do futebol português e garantiu alguns reforços interessantes. O extremo Marco Almeida, jogador formado no F.C. Porto que passou ainda pelo Boavista, é o nome mais sonante, a par de outro elemento proveniente dos escalões de formação do clube portista: o defesa-central Correia. Carlos Oliveira, que passou por Leça e Penafiel, e Hugo Coelho, que rescindiu contrato com a Ovarense na última época, completam o leque de jogadores lusos no plantel do South China. Detinho, avançado brasileiro de 32 anos que passou pelo Leixões e estava no Imortal de Albufeira, está em destaque neste início de temporada e marcou, por exemplo, dois golos no último fim-de-semana.
South China despromovido? Alarga-se o campeonato
Para se perceber o estatuto do South China no campeonato de Hong-Kong, basta apenas recuar alguns meses, até à recta final da última temporada. O histórico clube via a sua equipa na zona de despromoção do escalão principal mas conseguiu escapar à travessia no deserto. Face ao cenário, a federação de futebol local decidiu alargar o número de clubes na primeira divisão, de oito para dez, permitindo que o emblema agora representado por Jorge Amaral ficasse entre os «grandes».
Promover o futebol a partir do 13º andar
Um dos principais aliciantes passa por promover o futebol num país onde esse desporto surge no fundo de uma extensa lista. O South China, que conta com mais de 300 sócios a praticar diversas modalidades, disponibilizou consideráveis fundos para regenerar a imagem da equipa, mas os adeptos continuam a olhar para o futebol local como um desporto de menor importância. Basta explicar que os balneários da equipa encontram-se no 13º e último andar de uma torre de betão que alberga todas as modalidades do clube. As condições de treino não são más (aliás, o South China é o único clube da primeira divisão a dispor de um campo de treinos próprio), mas há hora limite para as sessões de trabalho. «Às 16h45, temos obrigatoriamente de sair do campo, porque a seguir surgem os praticantes de golfe», explicou, ao Maisfutebol, o técnico luso.