Resgatado em 2013 ao Paços Ferreira, Josué ficou apenas uma época no plantel principal do FC Porto. Apesar de ter sido muitas vezes utilizado por Paulo Fonseca e Luís Castro, o esquerdino de 24 anos não fez parte dos planos de Julen Lopetegui e rumou por empréstimo para o Bursaspor. Josué tem contrato com os dragões até junho de 2017.

Em longa entrevista ao Maisfutebol, Josué explica os motivos que o levaram a sair do FC Porto, lamenta que tenha sido impedido de treinar com o plantel de Lopetegui após o estágio de pré-época na Holanda e fala ainda sobre Paulo Fonseca, um homem que, segundo diz, não usufruiu do apoio que a atual equipa técnica tem. 

Uma conversa desassombrada com um atleta que reaprendeu a ser feliz na Turquia. Mesmo que o clube do coração não lhe saia da cabeça.


Afirmou várias vezes que o seu sonho era jogar no FC Porto. Agora, na Turquia, isso volta a estar na cabeça e a ser um desejo?
«Cumpri esse sonho. Agora voltar ao Porto… não sei o que vai acontecer. Não está muito na minha cabeça voltar, até porque sei que o Bursaspor me quer comprar. Vamos ver, depende de muita coisa. Se tiver de voltar, voltarei de coração aberto. É a minha casa, o meu clube. Mas estou muito bem aqui».

A pressão de jogar no clube do coração é diferente? É maior?
«Para mim não. É igual, meto sempre pressão em mim. O ano passado dei tudo pelo clube, apesar de dizerem que eu era o culpado de muitas coisas. Estou habituado, tenho as costas largas».

Fez 35 jogos oficiais, 26 a titular, pelo FC Porto na época passada. Somou quase 2000 minutos. Com estes números, como é que se explica o ser empréstimo?

«No início da época fui muito claro: se não fosse opção preferia sair. Não sou burro nem estúpido. Com as contratações que o clube fez… vi que muito dificilmente ia ser opção. Falei com o meu empresário, depois com o clube e achámos que era o melhor para todos. Não me arrependo, estou feliz, muito feliz. Como já não estava há muito tempo».

Na época passada quando é que sentiram que a época estava a ir por um mau caminho?
«A partir da saída do Paulo Fonseca. Nós tivemos cinco pontos de avanço do Benfica (agora o Porto está seis pontos atrás), mas a partir de dado momento tivemos uma quebra enorme. O apoio de toda a gente no clube também não foi o mesmo que existe agora. Foi uma época má, passei mal porque detesto perder, ainda por cima ao serviço do clube do meu coração».


«Apesar da má temporada do clube, joguei e fiz golos. Fui considerado um dos melhores médios ofensivos da Liga. Aprendi muito. Aprendi a estar calado e a crescer».

Assistiu com tristeza à saída do Paulo Fonseca?
«Sim, para mim foi triste. Sabia e sei o valor dele. Ele coloca qualquer equipa a jogar bom futebol. Sei que ele não teve o apoio que o grupo atual tem. Foi triste ver o Paulo e os dois adjuntos dele (Nuno Campos e Pedro Moreira) a saírem e outras pessoas continuarem na equipa técnica».

«As pessoas podem dizer o que quiserem do Paulo, mas ele é um homem de H grande. Tem tudo: bom treinador, bom homem, bom amigo, bom conselheiro».

Fez a pré-época com Lopetegui. O que achou dele?
«Gostei do pouco que vi dele, agradou-me. Mas vi pouco porque, estranhamente, depois do estágio na Holanda não me deixaram voltar a treinar com a equipa».

O Lopetegui teve alguma conversa consigo, falou sobre as suas opções para a equipa?
«Não queria muito falar sobre isso. Foi estranho. Ele disse-me uma coisa, depois aconteceu outra, mas não quero pronunciar-me sobre esse tema».