José Morais assume um «misto de excitação e expectativa» com o regresso do futebol na Coreia do Sul. O arranque da nova temporada estava marcado para 29 de fevereiro, mas a pandemia de covid-19 adiou-o mais de dois meses. O pontapé de saída será dado na próxima sexta-feira, dia 8 de maio, e logo com o Jeonbuk, a equipa do técnico português, que defende o título.

«Felizmente as coisas estão a melhorar, a ponto de ser autorizado o começo da Liga, ainda que seja desta forma. É sinal de que o coronavírus está controlado o suficiente para permitir, pouco a pouco, o regresso à normalidade», diz José Morais.

«Pelo menos vamos ter possibilidade de competir, e através da televisão fazer chegar o futebol aos nossos adeptos. Essa é a grande alegria», acrescenta o técnico, a três dias da receção ao Suwon Bluewings.

A Coreia do Sul parece ter a pandemia controlada, e na opinião do português foi fundamental uma adaptação fácil ao uso da máscara, algo nada estranho por ali.

«A população já estava habituada, até por causa da questão do meio ambiente, das influências de poeiras até que existem nestas zonas da Ásia. A maior da população já usava máscara. Há alertas diários relativamente à qualidade de ar. São emitidos alertas para os telemóveis, que sugerem a utilização de máscaras. Quando aconteceu esta situação do coronavírus a adaptação foi fácil», explicou.

«Há um outro aspeto, que tem a ver com hábitos da própria população que eu percebi já na época passada. Cada vez que um jogador estava com gripe, nem sequer vinha ao centro de treinos. Se tivesse febre ia ao hospital, que tem determinado número de camaras reservadas para indivíduos com gripe. Achei curioso. Na Coreia do Sul já existe essa preocupação nos procedimentos, para não contagiar outros. Mesmo quando falamos de uma simples gripe», acrescenta.

A preparação das equipas acabou por ser normal, ao estilo de uma pré-época, graças à qualidade das instalações de que dispõem.

«O grupo esteve isolado dentro do centro de treinos, que esteve fechado ao exterior, apenas recebia alimentos. Não precisámos de enviar os atletas para casa, nem de entrar num regime de treino individualizado. Todas as equipas coreanas têm essas condições e acabaram por cumprir essa quarentena, na expectativa que a Liga começasse», revela José Morais.

Foi até possível realizar alguns jogos de preparação para a nova época, à porta fechada, que serviram não só para testar a condição das equipas, mas igualmente para avaliar o protocolo de saúde e higiene estabelecido para o regresso do futebol.

«Fizemos dois jogos de preparação. No banco é obrigatório usar máscara, mesmo quem precisa de comunicar para dentro do campo. Não quer dizer que seja um grande desconforto, mas a propagação da voz é diferente. Essa foi a grande diferença. Após o apito inicial foi normal, um jogo com contacto, com comunicação, com proximidade. O cariz do jogo não mudou. Existem cuidados, claro, mas dentro de campo não há grandes diferenças, pois os jogadores não têm mascaras», resume, antes de falar do “pós-match”.

«Os jogos têm menos jornalistas. É autorizado apenas um determinado número. Dentro da sala de imprensa toda a gente usava máscara, e existia um distanciamento no posicionamento dos jornalistas. E eu falo com máscara também, algo que não estávamos tão habituados a ver», acrescenta ainda.

É um regresso condicionado, como será em quase todo o mundo, seja mais ou menos cedo. Com o conforto da bola a rolar, mas sem o calor do público.

«Vai ser tudo novo! Vamos ver. Estamos na expectativa, para ver que soluções vão aparecer, e se o entusiasmo vai ser o mesmo. Não sei que soluções vão encontrar para que, virtualmente, o telespectador sinta a emoção que sentiria no estádio. Acredito na criatividade e acredito que aparecerão soluções agradáveis», conclui José Morais, ansioso pelo regresso aos bancos.