O treinador do Benfica B, Renato Paiva, lembrou a altura em que João Félix chegou aos encarnados «desmoralizado» e «numa situação complicada», questionando-se mesmo: «como é possível este rapaz não jogar no FC Porto?»

«Quando chegou estava desmoralizado, mas o Benfica foi muito importante e deu-lhe uma nova vida. Eu treinava os sub-17 quando o João chegou do FC Porto e fui o primeiro treinador dele no Benfica. Chegou numa situação complicada porque não jogava, era muito magro e o FC Porto queria outro tipo de jogadores, mais fortes», afirmou Renato Paiva, em entrevista ao portal TheSportsman, horas depois do encontro entre o Benfica B e o Hertha Berlim, da Premier League International Cup.

A primeira semana de treinos marcou o técnico da formação B das águias, pois em «todas as sessões de treino [João Félix] fazia coisas que ninguém esperava.»

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«Na primeira semana de treinos, estava a vê-lo a trabalhar e disse ao meu adjunto: 'O que temos aqui? Estás a ver o mesmo que eu? O que temos aqui é um diamante. Como é possível este rapaz não jogar no FC Porto?' Fazia coisas que nunca tinha visto. Em todas as sessões de treino fazia coisas que ninguém esperava. É um jogador imprevisível, com grandes atributos, tanto técnicos como táticos. Mesmo fisicamente é bastante inteligente pela forma como evita o contrato. É um jogador muito completo», acrescentou.

Renato Paiva comentou ainda a saída de João Félix para o Atlético de Madrid, assumindo que considerava a ideia do Manchester City «melhor para ele.»

«Disse Manchester City ou Barcelona. O City por causa do Pep Guardiola ou o Barcelona devido à forma como jogam. Creio que as características do João são melhores nesse tipo de jogo. Respeito, pelo amor de Deus.... Respeito imenso o Atlético Madrid. Mas a ideia do City parece-me que era melhor para ele, especialmente estando com o Pep», salientou.

«Ele é muito humilde. Eu treinava os sub-19 e tínhamos um jogo à tarde com o FC Porto. Uma hora e meia antes do jogo, vi o João, que tinha treinado de manhã com a equipa principal, a conversar com os diretores e treinadores da sua antiga equipa. Acabou o treino e não foi descansar nem foi ter com miúdas, mas quis recordar os seus primeiros tempos de jogador, de uma forma humilde», contou.

«Fez a sua história enquanto profissional e no dia seguinte ligou-me. 'Mister, estás na Academia? Posso ir ter contigo?'. Chegou e deu-me a sua primeira camisola. Disse-me 'isto é para ti, muito obrigado por aquilo que fizeste por mim, pois foste o meu primeiro treinador aqui e eu estava a passar um mau bocado'. Isto mostra bem o quanto uns bons pais, uma boa educação e um bom ambiente pode ajudar os jogadores», concluiu.