Manuel Cajuda, treinador da U. Leiria, comenta a eliminação da Taça frente ao Alcochetense, neste domingo:

«O que correu mal? É a pergunta característica que se faz aos treinadores quando se perde. E eu não quero falar sobre isso porque não vou entrar naquela linguagem cansada do futebol de que tivemos mais domínio, mais posse de bola e que foram duas vezes à nossa baliza e marcaram golo. Quero falar daquilo que é verdade, fomos eliminados. É mais uma lição, é mais uma vergonha colectiva que vou ter de assumir como pessoal. Perdemos, há muita coisa para fazer neste U. Leiria, tenho 19 treinos, é o terceiro jogo e isto de três em jogos muda o treinador. Fomos eliminados e aconteceu Taça.»

«Se quisermos viver num país positivo, em vez de chegar aqui armado em desgraçadinho, a lamentar-me, é melhor ficar radiante por ter visto a alegria do outro treinador. Tivemos possibilidades de a viver, não a quisemos viver, não temos de chorar, nem tenho de fazer papel de desgraçadinho. Não é a primeira vez que me acontecem dissabores, já fui eliminado pelo Leixões e perdi uma final da Taça de Portugal, já fui eliminado pelo Sp. Braga e hoje foi mais uma lição de vida. E as lições de vida para mim são importantes. Os momentos negativos que eu tenho de viver vou vive-los de cabeça erguida. Perdi, fui bem eliminado e parabéns ao Alcochetense.»

«Sinceramente, gostava de ter vivido a alegria de passar a eliminatória porque desde que saí do Leiria o Leiria nunca mais passou uma eliminatória da Taça, eu fui finalista com o U. Leiria, no mínimo igualava o meu recorde pessoal com o U. Leiria. Não conseguiu, fiquei satisfeito por ver a alegria dos outros. Lutaram por isso, fizeram por isso, tiveram o mérito de ir à baliza duas vezes e marcar, mas agora não adianta chorar. Taça é Taça, é a festa do futebol, aconteceu a festa, mas é bom aprendermos as lições que a vida nos dá. E porque estou cansado de falsidades, mentiras nesta vivência do nosso país, há mais vida para viver. O único compromisso que fiz não foi vencer a Taça de Portugal, porque não tenho equipa para vencer, não tenho equipa para vencer a Taça da Liga, tenho de trabalhar muito, muito, para ficar na Liga mas isso vou conseguir com uma perna às costas, é o grande objectivo com que me comprometi.»