Manuel José venceu este sábado com o Al Ahly a Liga dos Campeões Africanos, um título que repete depois de 2001 e o quarto do clube. O treinador português tem perfeita consciência do que significa ganhar mais este troféu para o clube egípcio e não esconde a satisfação por mais esta conquista, mas preferiu fazer a festa em ambiente privado.
Foi isso que começou por dizer ao Maisfutebol quando, perto da meia-noite no Egipto (menos duas horas em Portugal), já estava no hotel a desfrutar do que classificou de «uma alegria serena». «Estou a comemorar com a família e com amigos. Estou satisfeito. Mas eu fugi da festa», contou o técnico explicando que a noite ainda iria ser longa: «Vai haver festa até às 5 ou 6 da manhã. E como sabem onde moro, são capazes de vir cá para gritarem o meu nome. Já não seria a primeira vez...»
Mas esta serenidade nos festejos de quem já passou por estes momentos não choca com a importância competitiva do triunfo: «Conseguimos um objectivo ainda pensado na época passada. Vamos estar no Mundialito [de clubes], o Egipto não foi apurado para o Mundial e este era um objectivo de todos.» O Al Ahly vai disputar a prova da FIFA em Dezembro onde estarão os representantes dos outros continentes: Liverpool, São Paulo, Al Ittihad, Saprissa e Sydney.
«Mostrámos que somos a melhor equipa de África. Eu tinha essa convicção. Não perdemos jogos, sofremos apenas três golos e marcámos 23», confessou Manuel José assumindo que «o nível competitivo» que o Al Ahly tem «é do nível da Europa, com jogadores que desequilibram e que tiram o coelho da cartola».
«Em África ainda estão muito bons jogadores»
O exemplo da competitividade foi dado com a vitória de hoje no Cairo por 3-0 sobre o Etoile du Sahel que valeu o título de campeão africano de clubes: «Hoje fizemos três golos excelentes, dois com rasgos individuais e o terceiro fruto de uma jogada colectiva.»
Mas a superioridade sobre os tunisinos não começou desde logo e o impasse perdurava desde o nulo da primeira mão. Como contou Manuel José, o favoritismo dado ao Al Ahly não ajudou: «Já toda a gente estava convencida [do triunfo]. É muito complicado, é uma pressão muito grande para os jogadores. Queríamos entrar a pressionar e foi o contrário: o adversário controlou. Não é que tenha tido oportunidades, mas dominou porque a equipa estava nervosa.»
Aos 20 minutos, porém, o rumo mudou de feição para o técnico português. «Tivemos a felicidade depois daquele pontapé [o primeiro golo marcado por Aboutraika] e depois fomos a nossa equipa», recordou Manuel José dizendo que, assim, é possível «demonstrar ao Mundo que em África ainda estão muito bons jogadores».
E a confiança na capacidade da sua equipa é algo que Manuel José espera continuar a ver reflectido em Dezembro: «No Mundialito vamos para ganhar já o primeiro jogo contra o Al Ittihad. Esse jogo vai ser já para ganhar. Também podemos perder, mas eles não são melhores do que nós...»