Manuel Machado revelou-se bastante crítico com a organização do campeonato português - que, recorde-se, deixou o Nacional sem competir ao longo de três semanas - na antevisão a uma difícil deslocação ao reduto do FC Porto. Os alvi-negros atravessam um momento menos positivo no que a resultados diz respeito.

«Já não me lembro de quando foi o campeonato português. Esta coisa de o campeonato funcionar aos empurrões, por soluços, é um dos grandes problemas com que me debato, porque traz a perda de referências, de ritmo competitivo. Por isso, quem teve jogadores a competir tem vantagem pela intensidade que esses mesmos jogadores podem apresentar», começou por referir o técnico, acrescentando: «Estivemos três semanas sem competir, com a particularidade de estarmos numa região periférica que não nos permite ter equipas para defrontar, ainda que em jogos de caracter amistoso. Isso deixa-nos desemparados. Neste momento tenho mais de vinte sessões de trabalho para preparar um jogo, o que não é de maneira nenhuma algo que contribua para que nos apresentemos melhor.»

Pese embora reconheça que não deu grande atenção aos elogios tecidos por Paulo Fonseca, que considerou o Nacional como a besta-negra do FC Porto, Manuel Machado agradeceu «algum reconhecimento de qualidade daquilo que o Nacional faz atualmente e do que fez no passado, nomeadamente em alguns jogos frente aos dragões». No entanto, o técnico afirma não estar distraído pelo passado, mas sim focado no futuro.

Instado a pronunciar-se sobre esse mesmo futuro, o técnico nacionalista reconheceu as inúmeras dificuldades que se avizinham nesta deslocação, já que «o que está pela frente é um FC Porto campeão em título e com um grupo recheadíssimo de qualidade em termos de individualidades, líder da tabela classificativa, a jogar no estádio do Dragão. Tem o apoio dos seus adeptos, está de alguma maneira pressionado pelos que de perto o perseguem na tabela classificativa, por isso não pode facilitar e perder pontos.» 

«Ainda agora, metade do grupo, sensivelmente, e grande parte do núcleo duro do onze que vai sendo apresentado estava ao serviço de seleções várias e julgo que estão aqui fatores mais do que suficientes para eu poder dizer que aquilo que temos pela frente é de facto um jogo de grau de dificuldade máxima», explicou Manuel Machado, o que, aliado ao fato do Porto raramente perder pontos em casa, poderia funcionar como um ponto de pressão acrescida, algo prontamente negado pelo técnico: «Não funcionamos mediante esse tipo de fator. Pouco nos interessa que o Porto há muito não perca no seu terreno. Estamos centrados naqueles 90 minutos, nesta unidade competitiva, e por isso, com aquilo que temos à disposição, já nos temos dado bem em alguns momentos que jogamos fora. O Porto impõe-nos respeito e cuidados, mas não nos tira ambição.»

Assim, considerando que cada jogo tem as suas próprias características, o técnico nacionalista afiança que «da mesma maneira que o Santa Maria eliminou o Nacional da taça de Portugal, é possível ao Nacional tirar pontos ao Porto no seu próprio terreno», ressalvando que tal «não é algo que aconteça sempre, mas que vai acontecendo.»

Apesar de todas as dificuldades que o FC Porto possa apresentar, Manuel Machado fala de uma porta larga de possibilidades para que a sua equipa tenha sucesso, pelo que a sua focalização está totalmente para aí virada: «Não vamos fazer alterações substanciais relativamente aquilo que é o Nacional do passado recente. Não é por jogarmos no Dragão que mudamos a forma de estar. Temos processos assimilados que resultam no quinto lugar da tabela e por isso não há nada que nos induza a fazer alterações», ressalvou.

No entanto, não esconde que o empate no Dragão é já um resultado positivo: «Aceito o empate sempre. Sempre que se adiciona alguma coisa, seja em que patamar da vida for, é algo que acresce», começou por referir. «É evidente que queremos sempre o máximo, e, em futebol, o máximo são três pontos, mas se conseguirmos trazer um também não ficaremos tristes», finalizou.

Lista de convocados:

Guarda-redes - Ricardo Batista e Gottardi;

Defesas - João Aurélio, Zainadine, Mexer, Miguel Rodrigues, Diogo e Sequeira;

Médios - Rafa Sousa, Diego Barcellos, Claudemir, Jota e Renato;

Avançados - Rondon, Mateus, Candeias, Lucas João e Djaniny