Maradona.
Poucas palavras significam tanto. Maradona não precisa de um contexto, não precisa de adjectivos, não precisa de nada. Só de uma bola. A partir daí, o espectáculo é garantido.
No dia em que se completam dez anos sobre a data em que o astro argentino abandonou dos relvados, fica a saudade do génio que foi a expressão máxima do que é o futebol.
Em todos os currículos hão-de figurar sempre os títulos, um campeonato do Mundo, um campeonato do Mundo sub-20, uma Taça UEFA, dois campeonatos italianos, uma Taça do Rei, uma Taça de Itália, uma Supertaça de Espanha, uma Supertaça de Itália.
Mas mais do que os títulos, ficou a memória de um menino que nasceu para jogar futebol. Um menino que acabou por se tornar um jogador invulgarmente baixo e até um pouco gordo, características que não lhe beliscaram um milímetro o talento inato.
Nascido no bairro pobre de Villa Fiorito, nos arredores da grande Buenos Aires, filho de um operário e de uma doméstica, deu os primeiros passos no clube infantil do bairro, o Los Cebolitas, do qual deu o salto para o Argentino Juniors e depois para o mítico Boca Juniors.
Vinte anos depois de começar a jogar no Los Cebolitas tornava-se provavelmente o único jogador da história do futebol a ganhar um Mundial sozinho.
Para trás tinham já ficado dois anos no Barcelona marcados por uma grave lesão, que mesmo assim não o impediram de marcar 38 golos em 58 jogos. A lesão causada por Goikoetxea, que no ano seguinte provocou a ir de Maradona ao ponto de ter gerado uma batalha campal em Camp Nou.
Depois disso veio a coroação em Nápoles. No clube do sul de Itália, Maradona subiu ao posto mais alto do Céu e desceu ao lugar mais profundo do Inferno. Maravilhou o Mundo com o melhor do seu futebol e caiu nas malhas da droga e do álcool, das quais nunca mais se conseguiu livrar.
Ainda tentou reavivar o talento que maravilhou o Mundo na década de oitenta em Sevilha, no Newell's Old Boys e por fim no Boca Juniors, o clube do seu coração, mas não conseguiu mais do que ligeiros fogachos.
Acabou por se despedir do futebol no dia 25 de Outubro de 1997, durante um Boca Juniors-River Plate no estádio Monumental de Buenos Aires. O Boca ganhou por 2-1 e Maradona saiu ao intervalo para dar lugar a Riquelme. Maradona abandonou o campo cheio de dores, chegou a casa e disse para a mulher que não dava mais.
Fim.