22 de Junho de 1986, Estádio Azteca, no México. Deus tinha descido à mão de Diego Maradona cinco minutos antes, num jogo que uma guerra tinha tornado maior do que uma partida de futebol. Depois, surgiu a jogada mais memorável de todos os tempos, tanto em campo, como na rádio. Foi há 25 anos que Maradona espantou o mundo no México 86.

Um quarto de século depois as imagens e os sons ainda arrepiam. A Argentina defronta a Inglaterra poucos anos depois de um conflito militar nas Malvinas. A tensão está no ar, a mão de Maradona também e bate Shilton, o maior e último defensor das causas inglesas. Nascia a «Mão de Deus»!

Aos 51 minutos, os sul-americanos adiantavam-se no marcador. Aos 56, o país tornou-se «um punho apertado gritando pela Argentina», nas palavras de Victor Hugo Morales, que narrava o encontro para uma rádio do país.

A jogada de todos os tempos, o «barrilete cósmico», já foi vista e revista. Maradona arranca do meio-campo, passa por uma série de ingleses e faz o segundo para a albiceleste. O grito de «El Diego» ecoa do Azteca para o planeta inteiro: há 25 anos, o futebol viu o melhor golo de todos tempos.

E o melhor golo de todos os tempos proporcionou, também, uma narração incrível, cheia de emoção, com uma descrição poética e patriótica.

Em entrevista à BBC, há dez anos, Morales explicava que «tinha imaginado toda a Terra em suspenso nessa jogada» e que «a dimensão da obra de arte de Maradona» o levou a «pensar que toda a Humanidade era um par de olhos que representavam colectivamente o gosto pelo futebol».

Na celebração dos 25 anos do Argentina-Inglaterra, traz-se à tona as palavras de Morales, porque, na realidade, por muito que se escreva ou se diga, ninguém conseguiu, como ele, expressar os sentimentos que aquele pé esquerdo de Maradona proporcionou ao mundo e à alma argentina em particular. E Victor Hugo Morales, diga-se, até é uruguaio.

O melhor mesmo é ouvir, e ler (!), a narração de um golo histórico que celebra 25 anos nesta quarta-feira: