A notícia caiu como uma bomba: Mário Fernandes recusou estrear-se pela selecção brasileira no amigável com a Argentina. O lateral-direito do Grémio, de 21 anos, começou por falhar as duas viagens que a Confederação Brasileira lhe marcou: primeiro para as 5.30, depois para as 15.10 horas.

Pelo meio reuniu-se com o director do Grémio e disse ser uma decisão definitiva: não iria juntar-se à selecção. «Fiquei surpreendido. Estava tudo calmo. Vou conversar com o presidente, com o atleta, com o empresário, mas se está focado em jogar no Grémio, é uma decisão dele», disse Paulo Pelaipe.

A meio da tarde tornou a decisão pública através de um comunicado publicado no site oficial do Grémio. «O atleta enviou um comunicado ao técnico Mano Menezes alegando motivos estritamente pessoais, sem afastar a possibilidade de voltar a defender a selecção futuramente», podia ler-se.

O empresário Jorge Machado tentou defender a imagem do atleta junto da imprensa. «É a realidade: ele não quer ir à selecção. Não se sente confortável», disse o representante em entrevista ao Globoesportes. «Não quer ir. Não se sente bem e acha que não ajudaria. Ele tem uma personalidade muito forte.»

Quatro dias desaparecido do mundo

Esta não é a primeira vez, de resto, que Mário Fernandes não aparece no sítio onde era esperado. O defesa, que um dia já foi associado ao F.C. Porto, foi notícia em 2009 por desaparecer também do Grémio. Em Março deixou o clube e durante quatro dias não deu notícias: o Grémio não conseguia localizá-lo.

Tinha chegado três meses antes, depois de dar nas vistas no São Caetano. Tinha 18 anos, saíra dos juniores e dera o salto para os seniores do Grémio. Foi encontrado em Jundiaí, no interior de S. Paulo, perto da cidade natal, pela própria família, depois de ter sido visto Florianópolis e em Londrina.

Na altura justificou o desaparecimento com uma depressão. A família providenciou um tratamento psicológico e o jovem acabou por voltar a Porto Alegre. «Conheci todos os hospitais de S. Paulo», brincou o defesa, que chegou a admitir deixar o futebol. «Voltei há mais de um mês e não terei recaídas.»

A promessa que não falharia a selecção

Este episódio, curiosamente, foi recordado quando Mano Menezes anunciou pela primeira vez a chamada do lateral/central à selecção brasileira. Na altura, Mário Fernandes garantiu que não faria como fez quando deu o salto para o Grémio: não fugiria da hipótese de representar o Brasil.

«Não posso desaparecer na selecção, não é? É minha grande hipótese, tenho de aproveitar da melhor maneira», garantia o jogador depois de saber que tinha sido eleito. Duas semanas depois, mudou a opinião e resolveu não aparecer na concentração da selecção em Belém. Nem vai aparecer.

Ora por detrás destas surpresas está um rapaz tímido, mas não depressivo, garante o empresário. «Depressivo? Ele? Nada. Foi uma criança carente, mas doente ele não é», garantiu. «Ele é desligado. Tem um carro, mas não tem carta. Quando sai, chama um colega, caso contrário apanha um táxi.»

As anedotas nas redes sociais

De resto, Mário Fernandes é distraído. «Já perdi a conta aos telemóveis que ele perdeu. Ele não gosta nem de atender, mesmo eu ligo 200 vezes», conta o empresário, ele que quando lhe telefonou a avisá-lo da convocatória para a selecção a resposta que obteve foi um simples: «Ah é? Legal».

Por isso virou anedota no twitter: «Mário Fernandes usará a camisola 404 na selecção». Ou: «Procura-se no Google por Mário Fernandes e surge o resultado: Mário Fernandes não foi encontrado». Ainda: «A minha mãe hoje está mais tensa que a noiva do Mário Fernandes no dia do casamento...».