O primeiro-ministro afirmou esta sexta-feira que o Governo já comunicou à administração da Portugal Telecom (PT) e aos seus representantes na empresa que se irá opor à compra de 30 por cento da Media Capital, que controla a TVI.

«O Governo decidiu hoje falar esta manhã com a administração da PT para comunicar que nós nos oporemos a que esse negócio possa ser feito».

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Numa declaração aos jornalistas, no final da interpelação do PCP ao Governo no Parlamento, Sócrates explicou que «essa orientação» já foi dada «aos representantes do Estado na empresa».

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«Compreendemos perfeitamente o interesse empresarial da PT e esperamos que a PT continue a prosseguir esse interesse estratégico na procura de mais conteúdos. Mas esperamos que o possam prosseguir de outra forma, porque o Governo não quer que haja a mínima suspeita de que esta compra de parte da TVI se destina a qualquer alteração da sua linha editorial, ou a alterar uma posição de independência relativamente às linhas editoriais de qualquer estação de televisão», declarou José Sócrates.

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Justificando a posição do executivo face à iniciativa empresarial da PT, o primeiro-ministro salientou que o Governo «não quer que este negócio possa ser visto por partidos ou por protagonistas políticos como uma tentativa de influenciar uma qualquer linha editorial».

«Eu próprio tenho feito críticas à linha editorial da TVI e, por isso, quero que seja absolutamente claro e transparente que o interesse empresarial da PT é instrumentalizável para outro fim que não seja exactamente interesse que não seja esse interesse empresarial».

José Sócrates voltou a referir que a possível compra de parte do capital da Media Capital pela PT se trataria «de um negócio entre privados».

«De qualquer forma, o Estado tem uma posição na PT. Comuniquei ao ministro das Obras Públicas, Mário Lino, que os representantes do Estado não votarão a favor desse negócio. Como afirmou [quinta-feira] o presidente executivo da PT [Zeinal Bava] o negócio [entre a PT e a Media Capital] não está concluído. Esperamos que a PT possa satisfazer o seu interesse empresarial sem fazer esta compra, porque o Governo não quer que fique a mínima suspeita que há uma qualquer tentativa de alterar uma linha editorial de qualquer órgãos de comunicação social».

«O Presidente da República exprimiu um desejo que é consensual na sociedade portuguesa no sentido de que todas as acções empresariais tenham o máximo de transparência - e acho que a PT o teve quando comunicou à Comissão de Mercados Valores Mobiliários (CMVM) as suas intenções».