20 de outubro de 2015. O Arsenal recebe o Bayern, ainda na fase de grupos da Liga dos Campeões. Aos 33 minutos, Manuel Neuer prepara-se para o que aí vem.
Os Gunners envolvem a partir da esquerda e de um lançamento lateral de Nacho Monreal. Metros à frente, Özil deixa para Alexis Sánchez, que se embrulha um pouco com a bola, antes de colocá-la na corrida do lateral espanhol. O cruzamento é perfeito. Passa a primeira barreira alemã e cai onde tem de cair, em zona frontal, onde apenas está Walcott. Parece fácil.
Neuer vem dando passinhos laterais desde o poste, tentando cobrir a maior parte possível dos ângulos que a bola pode fazer. Passam-se centésimos de segundo, e Walcott já cabeceia para baixo, sem grande esforço. Ramsey abre os braços, já festeja.
É tudo demasiado rápido. O cabeceamento é forte, praticamente à queima-roupa, e o alemão mostra o quão felino pode ser. Atira-se para a esquerda, e com a mão desse lado, defende uma bola impossível.
Será contudo um jogo agridoce para Neuer, que comete um erro fatal no primeiro golo, após livre de Cazorla. Falha a saída, porque se tivesse ficado na linha nada de mal se teria provavelmente passado. Culpa de Giroud, o Bayern começa a tombar, aos 77 minutos.
Nos descontos, um cruzamento de Bellerin permite o 2-0 a Özil.
No segundo jogo, em Munique, o Bayern vinga-se com um claro 5-1, mas as duas equipas passam aos oitavos. Os londrinos caem logo a seguir perante o Barcelona, já os bávaros eliminam a Juventus e o Benfica antes de serem afastados, nas meias-finais, pelo Atletico Madrid.
Para Neuer, foi apenas mais uma defesa para juntar à lenda, e reforçar o estatuto de um dos melhores guarda-redes da atualidade. A coleção é grande, hoje que também passa muito tempo longe dos postes. Antes de pensarem no líbero, vejam primeiro do que ele é capaz junto à baliza.
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