Caça a bufos, arrufos com ex-presidentes, afastamento de jogadores e algumas declarações cáusticas. O «reinado» de Costinha como director desportivo do Sporting ficou marcado, um pouco, por tudo isto. O antigo internacional português esteve no cargo menos de um ano (chegou a 25 de Fevereiro de 2010), mas os problemas de Alvalade estiveram longe de evaporar com a sua chegada.

E começaram logo no treinador. André Villas-Boas, dizia-se, estava garantido para o lugar de Carlos Carvalhal, mas o destino do jovem técnico foi o F.C. Porto, com sucesso imediato: uma Supertaça conquistada e uma vantagem de oito pontos cavada para o segundo classificado.

Costinha assistiu impune, para, mais tarde, ter papel decisivo num dos casos que alimentou o final de temporada leonino e que, ainda hoje, está por resolver: Izmailov. O russo terá recusado alinhar num jogo com o Atlético de Madrid, para a Liga Europa. Costinha decide então afastar o jogador. Mais tarde, é noticiada a intenção de vender o médio, facto que o director-desportivo, em conferência de imprensa desmente, abrindo a famosa «caça aos bufos» no balneário.

Seria uma questão de tempo até surgirem estampadas na imprensa as novas regras para os jogadores do Sporting. Acabavam os contactos com os jornalistas, era «desaconselhada» a leitura de jornais desportivos e até as brincadeiras com o roupeiro Paulinho durante os treinos foram censuradas. Os jogadores do Sporting vêem-se obrigados a desmentir e a criticar a imagem «asquerosa» colada a Costinha.

A saída de Moutinho e a relva que faz chorar

Termina a temporada. Vai Carvalhal, chega Paulo Sérgio. A ritmo quase diário jogadores são colocados na órbita leonina. Drenthe, Trezeguet, Petrovic, Daniel Larsson, Pavlyuchenko... «Hoje é o Pavlyuchenko, amanhã o Mikhailichenko e depois o Gorbatchov», ripostou, ironicamente, Costinha.

Mais do que qualquer reforço, em Alvalade pesou uma saída. O capitão João Moutinho muda-se para o rival F.C. Porto. José Eduardo Bettencourt caracteriza-o com a célebre expressão da «maçã podre». Costinha é mais subtil. Deseja apenas «que não se aleije». A pujança leonina, essa, já não escapava à ferida.

E com ela chegam as marcas desportivas. A equipa continua irregular e passa ao lado da corrida ao título. E nem o Estádio de Alvalade é poupado às críticas do dirigente: «Olho para a relva e dá-me vontade de chorar. Começo a olhar para o estádio e pergunto-me como se construiu um estádio assim.»

Chega José Couceiro, parte José Bettencourt. Costinha, esse, permanece. Pelo meio, um arrufo com Sousa Cintra, que o criticou. «Um dia dou-vos um papelinho do tempo em que ele era presidente», prometeu.

Nesta segunda-feira, o caldo entornou, numa entrevista à SportTV em que disparou em todas as direcções e não poupou nas críticas à gestão do clube. Pouco menos de 48 horas depois, era oficializada a sua saída.