Este fim-de semana pode ser o primeiro de dois momentos históricos para as modalidades nacionais. O Benfica está presente também de forma dupla nessa eventualidade. Primeiro no voleibol; depois, no andebol, onde também está o ABC.

Os dois clubes estão no caminho que pode levar à primeira final de uma competição europeia de andebol entre equipas portuguesas. Ter um ABC-Benfica a disputar o troféu da Taça Challenge seria algo rotulado de «fabuloso» pelo treinador da equipa minhota, Carlos Resende.

O ABC está também no seu caso particular a viver um momento ímpar na sua história recente: o clube de Braga já ganhou (no final de março) a Taça de Portugal de andebol, está a disputar as meias-finais do campeonato português e é também semifinalista da Taça Challenge.

Gerir este momento da época «não é fácil», mas «não deixam também de ser momentos engraçados», confessa Carlos Resende enumerando os jogos feitos com carácter de finais: foi a meia-final da Taça, a final, jogámos dois jogos do play-off do campeonato na Páscoa, outro na quarta, agora vamos jogar no sábado, depois na quarta de novo o play-off [do campeonato] e depois no domingo.



Os jogos do próximo sábado e do domingo da semana seguinte (dia 19) são as duas mãos da meia-final da competição europeia, que o ABC vai disputar com o Stord, da Noruega, onde se jogará o segundo encontro. Com tanto jogo, o treinador dos minhotos afirma que, assim, o trabalho feito «acaba por ser recuperar, acertar [pormenores] e jogar».

Mas faz a ressalva: «Apesar de termos este trabalho, todos estamos no lugar onde queríamos estar. Não podemos ficar tristes por termos sucesso». Carlos Resende revela que os receios em relação à eliminatória com o Stord «têm a ver com o grau de dificuldade que a viagem encerra» e são «os receios normais de que não haja lesões num jogo muito competitivo».

Na outra meia-final, o Benfica defronta o Odorhei jogando a primeira mão na Roménia (dia 12) e o segundo encontro na Luz também a 19 deste mês. E «é com muita satisfação» que Carlos Resende vê a hipótese do feito inédito de haver duas equipas portuguesas numa final de uma competição europeia de andebol.

«É um sinal do valor do andebol português. Temos de ter consciência da importância que esta taça tem no panorama europeu. Se pudéssemos estar os dois na final seria fabuloso», diz sobre consequências que se estenderiam «até para a seleção nacional, para estes seus jogadores».

Sem olhar a objetivos desportivos no que a esta eventualidade respeita, o treinador do ABC é peremptório: «Como português que sou, preferia que passasse o Benfica.» E é da mesma forma que fala do trabalho que a sua equipa tem pela frente quando ainda pode ganhar todos os troféus que tem em jogo: «Temos é de aproveitar esta fase fantástica da época, que sonhávamos ter no início.»

No voleibol, é preciso um «golden set»

Tanto o Benfica (2010/11) como o ABC (2004/05) já chegaram à final da Taça (EHF) Challenge, mas nunca conseguiram ganhar o troféu trazido para Portugal uma única vez (pelo Sporting em 2009/10). De forma semelhante, no voleibol já há um troféu europeu de clubes conquistado por uma equipa portuguesa: o Sp. Espinho ganhou a Taça CEV em 2000/01. Já neste domingo, o Benfica pode fazer com que o próximo seja o primeiro de dois fins de semana históricos se ganhar a Taça Challenge de voleibol.

No pavilhão da Luz, com a eliminatória já a meio, a equipa portuguesa tem de inverter o resultado negativo que trouxe da Sérvia. Na primeira mão jogada nesta quarta-feira, os «encarnados» perderam com o Vojvodina Novi Sad por 3-1. E estão obrigados a conseguir, pelo menos, o mesmo resultado, para conseguirem empatar a eliminatória e obrigar à realização da «negra».

As vitórias e os respetivos parciais equivalem a pontos. Ganhar por 3 «sets» a zero ou por 3-1 equivale a 3 pontos para quem ganha e a zero para quem perde. Quando a vitória é por 3-2, quem ganha tem 2 pontos e quem perde tem 1. Assim, ao Benfica não basta ganhar 3-2, se não, os sérvios levam a Taça.

O Benfica tem de ganhar 3-0 ou 3-1 e, aí, jogar-se-á o «golden set», ou seja, a partida de desempate jogada (só) até aos 15 pontos (exigindo a habitual diferença de dois). Venham de lá esses fins de semana históricos...