[artigo atualizado]

Nuno Alpiarça, treinador de atletismo dos leões, morreu na passada quinta-feira, vítima de doença súbita, aos 53 anos, demorou duas horas a ser transportado para o hospital. 

Esse dado é apontado pela Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar (SIEM), que, em comunicado enviado às redações, considera que «nada justifica a demora de duas horas» até que atleta fosse transportado para o hospital.

Para além disso a SIEM considera que «não foram cumpridos os protocolos» por parte da sua própria equipa, e considera que a justificação do INEM «é descontextualizada» perante uma situação «indefensável».


Comunicado na íntegra: 
 

A Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar, apela ao Ministério da Saúde para que sejam tomadas medidas urgentes no diz respeito à Emergência Pré-Hospitalar.

A Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar apela ao Ministério da Saúde para que sejam tomadas as medidas que se entenderam convenientes para que se ponha termo ás situações que se verificam no Sistema Integrado de Emergência Médica, e que por inerência tem vindo a desacreditar este.

Com base na notícia veiculada na comunicação social:

Entende a Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar, que no caso da morte da Atleta Nuno Alpiarça, nada justifica a demora de 2 horas até que este fosse transportado à Unidade Hospitalar.

1. Entendemos que os protocolos de atendimento e acionamento do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), se encontra obsoleto, sendo ineficaz – não tendo muitas
vezes no referido CODU o Médico Regulador com Competência em Emergência Médica
durante o turno, que permita debelar as situações que saem daquilo que se encontra vertido nos protocolos.

2. Entendemos que não foram cumpridos os protocolos por parte da equipa de Emergência Pré-Hospitalar que se deslocou ao local da ocorrência, nomeadamente no que respeita ao uso de EPI imediatamente após a chegada ao local, iniciando assim de imediato o protocolo de reanimação (manobras de reanimação), conforme recomendação vertida na norma do INEM.

3. Não se entende a demora na chegada da Viatura Médica de Emergência Reanimação (VMER), uma vez que esta deveria ter sido acionada de imediato, desde logo não entendemos a permanência no local de cerca de uma hora após a chegada da AEM, até à chegada da VMER.

4. Entende a Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar que a situação em concreto é indefensável, sendo a justificação do INEM, no mínimo descontextualizada.


Atenta à situação atual, a Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar, fez várias recomendações no sendo de que, qualquer acionamento de Emergência Pré-Hospitalar os seus intervenientes estivessem devidamente equipados com EPI, mesmo, sem a existência de suspeita da doença COVID – 19, como forma de proteção bem como uma intervenção rápida e eficaz.


Entendemos que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), tem ao longo dos tempos
vindo a relegar o papel dos intervenientes do SIEM a um patamar inferior, não dotando estes da formação da por conveniente respeitando as evidencias científicas mais recentes – exemplo do referido, o curso TEPH que ainda não foi concluído, bem como um modelo de formação TAS totalmente obsoleto, entre outros.

Deste modo, impõe-se uma Emergente reestruturação Sistema Integrado de Emergência Médica, no seu todo.

Com o intuito de colaborar e facilitar este processo, a Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-hospitalar, coloca-se desde já à disposição da Ministério da Saúde e da Direção Geral de Saúde para o que entenderem por conveniente. Deixamos ainda como sugestão da possibilidade de uma reunião logo que possível.

Numa conjuntura em que diariamente estamos subjugados a riscos eminentes para combatermos pela saúde de todos os portugueses, é fundamental que o Ministério da Saúde dê sinais concretos à Emergência Pré-Hospitalar de que reconhece a sua relevância, nomeadamente pela reestruturação do Sistema Integrado de Emergência Médica bem como pelo aumento da capacidade de atuação dos seus intervenientes, do qual depende o ensino e a transmissão do conhecimento reconhecido cientificamente, que até hoje tem sido relegado a um patamar inferior. Só o trabalho, abnegação e a paixão de toda a – Emergência Pré-Hospitalar – é que nos tem possibilitado defrontar de forma exemplar a esta pandemia.