A espera foi longa. De 2009 até este sábado. O combate de boxe mais aguardado dos últimos anos vai finalmente realizar-se. Floyd Mayweather Jr. e Manny Pacquiao (respeitando a ordem definida) vão decidir em ringue quem é o melhor.

É o mais recente combate do século na história do pugilismo. O norte-americano Floyd «Money» Mayweather e o filipino Manny «PacMan» Pacquiao são considerados os dois melhores pugilistas da atualidade – e são os mais famosos também. E o que demorou seis anos a acontecer vai ser feito com números nunca vistos.

Não é muito frequente os dois melhores do boxe do presente coincidirem na mesma categoria – neste caso é a de pesos médios: até 66,7 quilos. Um breve recuo a 2009 recorda que a superestrela Mayweather voltou da reforma de um ano em que Pacquiao se tinha tornado a vedeta maior.

Com os dois em cena tornou-se inevitável o confronto. Mas a falta de acordo sobre as condições do tão desejado encontro – com a divisão do dinheiro no centro das divergências – atrasou este combate do século uns anos. O acordo anunciado em fevereiro traduziu-se em números astronómicos.



Este está a ser também denominado como o combate dos mil milhões de dólares (perto de 900 milhões de euros) pela quantidade de dinheiro que vai movimentar como nunca antes. As receitas de transmissão televisiva também atingem recordes, superando as duas centenas de milhões de euros. Os (mil) bilhetes à disposição do público – esgotados em cerca de um minuto – passaram dos iniciais 1.300 a 6.800 euros para valores nos revendedores que chegam às centenas de milhar.

As estrelas que em ringue vão suar, lutar e sangrar têm também o seu quinhão reservado com ganhos que podem andar à volta dos 100 milhões de euros para cada um. O vencedor do combate ganha cerca de 18 milhões de euros; o derrotado ganha metade. Na divisão das receitas antes do combate, Mayweather fez valer o seu maior estatuto para assegurar desde logo uma percentagem de 60% contra 40% para Pacquiao no que respeita ao bolo.

O Money também garantiu que o seu nome seria o primeiro na designação do combate, assim como será o último a entrar em cena e o seu nome será o último a ser anunciado. Paquiao escolhe o canto do ringue primeiro. Estas foram algumas das exigências que, aceitadas, permitiram que houvesse finalmente acordo para o combate.

Mayweather (38 anos) tem cinco títulos em categorias diferentes do boxe; o PacMan tem seis (e mais dois menores totalizando oito categorias). Mas o norte-americano num perdeu um combate: ganhou 47 (26 KOs), com zero derrotas. Pacquiao (36 anos) fez 64 combates e ganhou 57 (38 KOs); tem cinco empates e foi batido duas vezes.

Os currículos são diferentes nas perspetivas. PacMan tem mais vitórias e mais KOs; Money nunca foi batido. O duelo que inspira admiradores igualmente divididos por dois cantos sem meio-termo será posto em ringue por dois pugilistas diferentes na forma de combater ou na forma de colecionarem essa admiração. Mas, como nos currículos, eles nem estão tão opostamente longe na vida...



Pacquiao é visto como o miúdo desfavorecido que se fez o pugilista que é. O filipino passou fome, viveu dias só a beber água, virou-se para o boxe para sustentar a família. Maywather é mais visto como excêntrico multimilionário que tem vários Bugatti iguais e só diferentes na cor... É filho de antigos homens do boxe, mas também soube na pele o que era o mundo da droga pelo vício da mãe. O filipino também já se viu envolvido em questões de evasão fiscal, assim como ambos são reconhecidos mecenas sociais.

No ringue, as diferenças de estilo são outras. Mayweather é um pugilista que sofre (muitos) poucos golpes dos adversários e é muito rápido a castigá-los. O Money é mais alto do que o seu adversário e tem os braços mais longos. E deve aproveitar bem isso tentando combater no centro do ringue (e não junto às cordas) para evitar a agilidade de Pacquiao e utilizando os diretos como arma.

PacMan é um pugilista que trabalha muito, que sofre golpes pelo caminho, mas que golpeia muito o adversário desgastando-o e essa deve ser uma arma utilizada contra Mayweather para cansá-lo com pancadas de vários ângulos – mas, sobretudo, o filipino deverá apostar nos ganchos em resposta aos diretos do norte-americano.

Espera-se um grande combate, em que há muitas apostas e em que quem pagou bilhete (pelo menos) espera ver os 12 rounds. O MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas (EUA) está lotado com os tais mil lugares para público e mais cerca de 15 mil (!) para convidados e patrocinadores O próprio árbitro do combate, Kenny Bayless, vai ganhar 23 mil euros pelo serviço (outro recorde), assim como o cinto cheio de esmeraldas que vai unir os títulos da WBA e WBC (detidos por Mayweather) e da WBO (por Pacquiao) está avaliado em um milhão de dólares (cerca de 900 mil euros).