Victor Monteiro Oliveira continua a ser um mistério para os adeptos portugueses. Em Setembro de 2008, o Maisfutebol levantou o véu sobre a história. Desta vez, vai mais longe. No Athletic Bilbao, orgulhosamente basco, cresce uma promessa nascida em Guimarães.

«Podem jogar no Athletic todos os jogadores nascidos em Euskadi (país basco) e todos aqueles que se formaram em Lezama (escola do clube) ou na cantera de qualquer outro clube basco»

O adversário do Sporting alargou a sua política de contratação sem garantir unânimidade entre os adeptos. Jonas Ramalho (filho de uma angolana e um basco) foi o primeiro negro a vestir a camisola da equipa principal. Momento de viragem.

Atualmente, crescem em Lezama jogadores nascidos em África, na América do Sul e mesmo em Portugal. Victor Monteiro representa a equipa Juvenil de Honor, o derradeiro patamar nos escalões de formação. Deu os primeiros passos na freguesia de Creixomil, Guimarães.

«Está ainda a tratar dos papéis»

Tal como aconteceu em 2008, o Maisfutebol não conseguiu falar com Victor Monteiro nem com os seus familiares, emigrantes portugueses a residir no País Basco.

O seu representante confirmou que o At. Bilbao impossibilita o contato com os jovens que evoluem no clube.

O jovem luso, nascido em 1994, terá chegado à região com tenra idade. Está no clube há seis anos e já representou a seleção basca (Euskadi). Foi até chamado para a seleção espanhola de sub-17. Contudo, durante a conversa com o seu representante, percebe-se que a ligação a Portugal continua a ser forte. Pelo menos, em termos legais.

«Foi chamado à seleção espanhola mas só para treinar, não pode jogar. Isto porque ainda não tem a dupla nacionalidade. Estamos a tratar da documentação», explica Javier González, ao Maisfutebol.

Javier González, antigo candidato à presidência do At. Bilbao, garante que o português se enquadra na política do clube.

«É um jovem que está aqui há muitos anos. O Athletic tem dois lemas: ou jogadores nascidos em Euskadi ou criados em Euskadi. O Victor já está cá há muitos anos, chegou muito jovem.»

Víctor Monteiro Oliveira chegou ao At. Bilbao em 2006. A filosofia do clube propaga-se e chega aos próprios pai do jogador, radicados em Espanha.

«Se eles apoiam algum clube português? Não, são do At. Bilbao. Apenas e só.»

«Seleção portuguesa? Muito jovem para pensar nisso»

O At. Bilbao reclama a propriedade de Monteiro e a sua identidade. Contudo, legalmente, este continua a ser português. Pode até representar a seleção nacional. Javier González, embora defenda a causa basca, admite que essa possibilidade está em aberto: «Ele ainda é muito jovem para pensar nisso, nesse tipo de coisas.»

O jovem nascido em Creixomil, freguesia de Guimarães, tem 17 anos. Atinge a maioridade em Junho de 2012. Esta época, fez dezoito jogos e marcou dois golos. Tem sido importunado por alguns problemas físicos nos últimos meses. Veste a camisola 7, como Figo.

«O Victor é uma enorme promessa e um jogador em que o At. Bilbao deposita muita confiança. É um jogador de ala direita, extremo, com muita técnica. Com as devidas diferenças, só para perceber que tipo de atleta é, diria que tem um estilo parecido com Figo», remata o dono da Esférica, empresa de assessoria desportiva sediada em Bilbao.

Fica a descrição. Não é fácil encontrar imagens ou mesmo vídeos do jogador. Percebe-se que o recato é apreciado pelos responsáveis de Lezama.

O At. Bilbao um clube único, com uma identidade especial que procura preservar a todo o custo. Ainda assim, não escapa à modernidade.