O Benfica passou incólume por Moreira de Cónegos, na terceira visita ao lanterna vermelha da Liga. Salvio resolveu o problema após o intervalo, colocando um ponto final à resistência moreirense. Lima confirmou o triunfo, aparentemente fácil mas importante num campo pesado (0-2).

Salvio, Gaitán e Ola John alimentaram os flancos de forma ininterrupta, sobretudo o primeiro, autor de uma exibição de grande nível. No Minho, Jesus voltou a ser rodeado por mensagens de fé, benfiquistas nortenhos com tarjas e até um bispo vestido a rigor. A festiva devoção ao treinador encarnado é um fenómeno cada vez mais comum.

Houve fé no erro, sobretudo. E paciência. O Moreirense, extremamente limitado, voltou a demonstrar uma enorme dose de boas intenções. Incomodou até, durante a parte inicial. Mas o plano era curto. Sem soluções e com tremenda propensão para o equívoco, o último reduto dos locais quebrou na etapa complementar.

Quantos sobram?

O mês de janeiro é pródigo em resoluções, atos que provocam agitação na vida de cada um e naqueles que os rodeiam. Jorge Jesus deixou-se afetar por esse cenário que o foi envolvendo na última semana, cedendo ao peso do mercado e ao assédio que lhe roubou três opções: Nolito, Aimar e Bruno César (este, confirmado no Al Ahli, emblema da Arábia Saudita).

Jorge Casquilha poderia queixar-se do mesmo, mas os seus problemas são incomparavelmente maiores. Entre castigos e lesões, na ressaca de uma goleada pesada em Setúbal (5-0), viu-se limitado a 16 elementos para novo confronto com os encarnados.

O treinador do Moreirense reinventou o seu onze e apostou na confiança dos recém-chegados. Florent, cedido pelo Sp. Braga, não conseguiu parar o inspirado Salvio, mas Jorge Chula (emprestado pelo Sporting) deu algumas dores de cabeça a Melgarejo.

O Benfica apresentou-se no Minho com Maxi Pereira e Gaitán, duas mudanças no onze após o triunfo para a Taça de Portugal. Jorge Jesus saiu a ganhar. O argentino foi mesmo uma unidade vital na dinâmica ofensiva dos encarnados, derivando da esquerda para o centro.

Seria Gaitán, em cima do intervalo, a anunciar uma segunda metade de sorrisos para os encarnados. Belíssimo movimento, serpenteando sobre dois adversários, antes de um remate ligeiramente desenquadrado. Foi a melhor fase de um Benfica que, sendo superior, não sufocava como habitualmente.

Nulo como realidade temporária

O Moreirense, tal como acontecera na Taça da Liga, logrou surpreender o adversário. No primeiro lance do encontro, aliás, Ghilas fugiu a Melgarejo e tirou tinta do poste. Serviu de aviso. Com três unidades no setor intermediário, a equipa da casa garantia superioridade sobre Matic e Enzo, sobretudo este.

Ainda assim, o nulo soava a realidade temporária, a causalidade perante o crescente número de problemas físicos e erros involuntários entre os locais. Jorge Chula terminou a etapa inicial em dificuldades e Diego Gaúcho viu-se obrigado a sair antes do intervalo.

Ricardo Fernandes entrou para participar num desfile de equívocos que antecederam o golo de Salvio. Três jogadores visitados, incluindo o central, falharam igual número de passes e tentativas de alívio. O argentino do Benfica agradeceu, isolou-se e atirou a contar.

A chave do encontro esteve na criatividade dos alas encarnados, com Gaitán e Salvio a compensarem o ocaso de unidades como Enzo Pérez ou Oscar Cardozo. Carrilando jogo pelos flancos, a equipa da Luz regressou dos balneários com pressa. Em três minutos, criou igual número de oportunidades. Marcou e tudo mudou.

O Moreirense viu-se obrigado a subir linhas, pressionar sem capacidade física para mais. Jorge Jesus refrescou as peças do seu carrossel e, com Ola John em campo, viu o holandês lançar Lima para o 0-2. 71 minutos, questão resolvida.

Terceira visita a Moreira de Cónegos, segundo triunfo. Vantagem sobre o F.C. Porto, que acerta esta semana calendário. Pontos importantes num reduto difícil.