José Mourinho desmente que tenha falado mal de Drogba e dá a entender que foi o jogador com quem mais gostou de trabalhar. Elogia o Galatasaray, próximo rival na Champions, e explica o que quis dizer depois do jogo de Manchester.
«São tantos anos a jogar os quartos de final da Liga dos Campeões que há uma coisa que não muda e essa é que as equipas qualificaram-se por alguma razão. O Galatasaray não está só porque se qualificou na fase de grupos mas também porque ultrapassou uma eliminatória. No sorteio, não havia muito por onde escolher. Fosse qual fosse aquele que te tocasse, e embora alguns tivessem estatuto diferente, sabias que não terias tarefa fácil. Por isso, estava tranquilo. Calhou-nos o Galatasaray, outro campeão.»
[O que encontrou na Turquia] «Já estávamos a trabalhar sobre os rivais possíveis. Enviámos gente que trabalha comigo a ver cada um dos jogos dos oitavos. Já tinha nas mãos alguma informação, ao contrário do que alguns dizem, quando me veem a assistir ao treino do meu filho, de que não gosto de trabalhar. No domingo, com toda a gente de folga, fui à Turquia e encontrei o que me esperava: uma equipa com pessoas que conhecem muito bem a Liga dos Campeões, Drogba e Sneijder, e gente que jogou nas melhores equipas como Eboué no Arsenal, Felipe Melo na Juventus, Riera no Liverpool e Muslera na Lazio... Gente que sabe jogar a este nível, que tem muita experiência e tem um treinador [Fatih Terim], o melhor de sempre na Turquia, que trabalhou em Itália, e uma massa associativa que não existe noutros sítios. Jogaram a 700 quilómetros de Istambul e estavam lá 15 mil adeptos do Galatasaray. Será duro, mas devemos tentar algo positivo do primeiro jogo, que não conseguimos com o Manchester United.»
[Declarações sobre Drogba eram falsas?] «Drogba é mais que Drogba. Essas coisas que saem na imprensa não me preocupam, porque Drogba sabe quem sou e o que sinto por ele, mas pode ser que haja quem acredite. Imaginem... Vou à Turquia, estou a trabalhar, vejo o jogo e saio antes que acabe e saem declarações minhas a falar mal dele. Não quero dizer que é o meu favorito, porque tive muitos verdadeiramente especiais, mas se tivesse que escolher um apenas possivelmente seria ele. É um jogador do outro mundo. Gostaria tê-lo do meu lado. Falar mal dele é impossível. Estive com ele, com Sneijder, com Altintop e foi divertido. Ainda por cima, o treinador tem uma boa relação comigo, somos muito frontais, como com Ferguson. Levou-me ao balneário antes do jogo. Quinze ou 20 minutos antes do início estava lá.»
[Sucesso com Barça e Manchester United] «Foi uma semana dura, em que tinhas a possibilidade positiva de seguir em frente ou a negativa de ser eliminado na Liga dos Campeões e na Taça do Rei. Muita gente não o esperava e ficou frustrada, mas correu-nos bem. Em Manchester foi duro e como sempre há gente que pensa que sabe mais do meu trabalho que eu. Há gente que pensa que pode analisar-me, entrar na minha cabeça e entender tudo o que faço, mas não sabem qual foi a minha intenção com as declarações depois do jogo. Também não me interessa. O que me interessava era que a minha equipa sentisse que havia muito pela frente, não tinha conseguido nada e que nos últimos minutos tens de tentar controlar o jogo e não tens de fazer o teu guarda-redes o homem do jogo. Ele está ali para isso, mas não gosto que ele seja o homem do jogo quando temos mais um em campo. Manchester é assim. Os meus jogadores disseram-me no final que não foi fácil e eu sei. É conhecido por todos como Fergie Time e são os últimos cinco ou dez minutos em Old Trafford. Ao longo da história, Ferguson e os seus jogadores conseguiram reviravoltas históricas baseadas na emoção e na empatia com o público. Não foi fácil. Foi uma grande vitória, mas o Real não pode ficar contente com os quartos de final. Já estamos a pensar chegar às meias-finais.»