32 equipas, 16 jogos e apenas 25 golos. Uma surpresa enorme, várias meias surpresas e equilíbrio quase em permanência. Um zumbido constante de milhares de vuvuzelas a infernizar os ouvidos de jogadores, técnicos e espectadores de todo o Mundo. Em síntese, a primeira jornada do Mundial-2010 não teve muito mais do que isso. E sabe a pouco para as expectativas criadas. E um quarto da prova já lá vai...

Atenuados os cenários mais catastróficos no que diz respeito a segurança e organização ¿ os problemas estão lá, mas ainda longe da dimensão receada nos dias anteriores à abertura ¿ as principais inquietações vieram do relvado. As atitudes receosas dos jogos do primeiro dia tinham sido atribuídas à ansiedade da estreia, mas os encontros seguintes vieram confirmar a tendência: excelentes organizações defensivas, níveis físicos muito semelhantes e um equilíbrio táctico que se traduziu, na maior parte das vezes, em jogos a roçar o soporífico.

Calendário do Mundial-2010

O receio de falhar a entrada em cena foi comum a favoritos e outsiders. A excepção foi a Alemanha, uma equipa que em Mundiais nunca duvida e raramente se engana. Daí os resultados globalmente nivelados, só com três vitórias acima da tangente.

Uma delas foi da Coreia do Sul sobre a Grécia, reforçando a boa impressão deixada pelas equipas asiáticas: o Japão venceu Camarões e a Coreia do Norte vendeu caríssima a derrota frente ao Brasil, afastando a convicção de que a equipa com pior situação no ranking da FIFA no início da competição seria o parente pobre deste Mundial.

De resto, foi preciso esperar pelo último jogo, para o primeiro momento a sério, com drama, no Espanha-Suíça. O jogo bonito da campeã europeia esbarrou na frieza suíça e numa carambola, que baralhou candidaturas e lugares supostamente previsíveis no Grupo H. Até que enfim há Mundial, mesmo que a surpresa tenha caído em cima do bom jogo espanhol.

Por outro lado, selecções como Grécia e Eslováquia confirmaram o que se esperava delas: nada, ou quase isso. O mesmo não se pode dizer da Inglaterra, uma candidata sem ideias, que marcou um golo cedo, sofreu um outro incrível, e teve pouco de Rooney.

As estrelas maiores do planeta têm sido pouco decisivas, apesar da boa exibição de Messi frente à Nigéria e de Miroslav Klose se confirmar como um goleador em mundiais. De resto, alguns nomes novos que deram nas vistas, casos de Giovanni dos Santos, Ozil, Elia, Alexis Sanchez.

Com a pior média de golos de sempre num Mundial (1,5625, a primeira vez abaixo dos 2), a prova sul-africana tem tido um ponto que a favorece em relação a outros Campeonatos do Mundo. Sempre em foco, quase nunca por bons motivos, as arbitragens têm sobressaído. Ou, pelo contrário, têm ficado reduzidas a poucas palavras, quer dos intervenientes, quer na imprensa. Têm sido razoáveis, sim, mas ainda há muito pela frente e as necessidades das equipas vão apertar.

A espera por melhor futebol continua. A segunda ronda começa já a seguir. 25 golos em 16 jogos. É pouco. Ainda para mais, ninguém os ouviu gritar O Mundial-2010 é só isto?