Uma equipa da BBC que foi convidada pelas autoridades do Qatar para uma visita guiada para ver as condições da trabalho às obras do Mundial 2022, foi detido em Doha durante 24 horas.
 
«Subitamente, oito carros brancos rodearam o nosso veículo e encaminharam-se, a grande velocidade, para uma estrada secundária. Aí fomos revistados por uma dezena de polícias, que nos gritavam quando tentámos falar, e todo o nosso equipamento foi apreendido. Fomos então levados para a esquadra, separados, e interrogados de forma hostil, sem nos dizerem sequer de que éramos acusados», conta o repórter Mark Lobel.
 
Segundo o jornalista, nem sequer puderam telefonar para avisar alguém onde estavam porque a detenção era um caso de «segurança nacional». Percebram então que estavam a ser seguidos há dois dias e que a polícia tinha fotos deles em vários locais.
 
A equipa passou então a noite na prisão e voltou a ser interrogada. «30 horas depois, um dos interrogadores disse-nos: Isto não é a Disneyland, não podem meter as câmaras onde querem», explicou o Mark Lobel, adiantando que foram depois ameaçados de que passariam os próximos quatro dias na prisão.
 
«Na manhã seguinte, sem mais nem menos, libertaram-nos e deixaram-nos ir para a visita organizada. Continuaram sem nos dar o material e proibiram-nos de sair do país», adiantou.

Recentemente, repórteres das estações alemãs «ARD» e «WDR» que estavam no Qatar a documentar as condições de trabalho envolvidas na construção do Mundial 2022 tiveram também material confiscado, ficaram detidos várias horas, e retidos vários dias no país.