Ricardo Carvalho afirmou este sábado que o selecionador pode ser apelidado de «mercenário» e que está magoado com Paulo Bento.

«Sim [magoou]. É muito forte, uma linguagem militar, chamar-me desertor. Com a mesma linguagem, eu podia chamar-lhe mercenário. Quando alguém vai para guerra pago, chama-se mercenário. Eu estou na seleção por amor, ele é selecionador porque lhe pagam. Não merecia que me tratasse dessa maneira», disse Ricardo Carvalho em entrevista à RTP.

O defesa central diz sentir que Paulo Bento exagerou.

«Houve um certo aproveitamento do treinador de um episódio que não foi o mais correto da minha parte, para pisar-me e massacrar-me um pouco. Isso nunca fiz», acrescenta.

Ricardo Carvalho sublinhou que tem sido um bom exemplo e que a sua reação foi «a quente», não compreendendo as palavras do selecionador na conferência de imprensa da véspera do jogo nem o tempo que dispensou a falar do seu caso, porque «Paulo Bento teve 24 horas».

«Foi um sentimento muito forte que tive. Foi a quente. Quando cheguei do treino, achei que não me tinham respeitado, senti que estava a mais, fizeram-me sentir assim. Cheguei ao quarto e nem troquei de roupa. Não foi nada premeditado, estava com cabeça quente e não falei com ninguém. Foi o meu grande erro, não me passou pela cabeça. Estava tão desorientado naquele momento», explicou Ricardo Carvalho.

O defesa disse que sentiu que «foi uma grande injustiça», porque «tinha treinado bem», quando viu que a titularidade seria para Pepe, com o qual costuma partilhar o eixo da defesa no Real Madrid, sublinhando que nada tem contra o colega.

Ricardo Carvalho lembrou que, quando outros optaram por sair da seleção, preferiu ficar, sendo um dos mais velhos do grupo, e não fecha as portas a um eventual regresso.

«Um dia mais tarde, se acharem que posso ser útil, estou disponível», afirmou.