Em Agosto deste ano, Steve Ballmer fechou a compra dos LA Clippers por dois mil milhões de dólares. A história do melhor campeonato nacional de basquetebol do mundo cruzou-se de uma forma especial com o reino da informática. A equipa da NBA passou a ser detida por um ex-diretor da Microsoft. A revolução nos Clippers está em marcha. E vai começar pelo lado da tecnologia.

A nova vida daquela que é vista como a segunda equipa de Los Angeles passou a ser inevitável a partir da expulsão definitiva de Donald Sterling na sequência de comentários considerados racistas. Na concretização dessa expulsão, o antigo dono dos Clippers foi obrigado a vender a equipa. Estava-se em abril deste ano.

Os interessados na compra apareceram. Steve Ballmer foi um deles. Sterling ainda resistiu à obrigação de vender determinada pela NBA, mas um tribunal dos Estados Unidos acabou por confirmar a decisão aprovada pelos donos das outras equipas. Trinta e quatro anos depois de trabalhar na Microsoft desde a sua fundação, Ballmer transferiu-se para o mundo do desporto.



O ex-diretor executivo de 58 anos não se desligou completamente do gigante da informática. Para começar, Ballmer é o maior acionista individual da Microsoft (maior inclusive do que Bill Gates) detendo 3,99 por cento das ações – num valor estimado em 15,7 mil milhões de dólares (mais de 12 mil milhões de euros). A saída da direção executiva já estava preparada, mas o homem de negócios tinha previsto passar para o conselho de administração da empresa. Os negócios do desporto levaram-no a mudar de direção; mesmo sem deixar a Microsoft totalmente para trás.

Ballmer entrou no Staples Center dando sinais de que a sua política desportiva tem por base a continuidade. O novo patrão dos Clippers renovou por cinco anos com o treinador Doc Rivers e os joadores Chris Paul e Blake Griffin mantêm-se como as estrelas de uma equipa reconhecidamente forte. Os objetivos desportivos passarão por ultrapassar os rivais Lakers, mas não ficam por aí. «Vão ter a melhor das experiências e não será a melhor apenas em Los Angeles», disse numa entrevista à agência Reuters com os adeptos dos Clippers como destinatários.

Os mesmos adeptos que ao mesmo tempo também são consumidores. E que podem ser adeptos não apenas no pavilhão, mas através de todos os suportes tecnológicos que permitem seguir os jogos. Antes de passar a adversário dos Lakers e das outras 28 equipas da NBA, Ballmer era adversário dos iPad da Apple ou dos Galaxy da Samsung. E a sua lealdade à Microsoft era tal que o ex-CEO (segundo a agência noticiosa) proibia os próprios familiares de usarem um iPhone.



A saída da Microsoft não foi, então, um adeus; foi um vamo-nos vendo por aí, a começar por . «A maior parte do clube usa o [sistema operativo] Windows [da Microsoft]», mas «alguns dos jogadores e treinadores não». Ballmer contou que o próprio treinador percebeu que as coisas, do ponto de vista tecnológico, iam mudar nos Clippers: «O Doc tem noção de que o projeto é esse. Foi uma das primeiras coisas que ele me disse: Provavelmente vamo-nos livrar destes iPad, não é? E eu respondi Sim, provavelmente vamos. Mas prometo que o faríamos no defeso.»

Os Clippers entram em ação no final de outubro. Mas o primeiro embate do arranque tecnológico deste adepto da Microsoft será logo com o patrocinador da própria NBA.  Os tablets e televisões para serem usados por jogadores, treinadores e árbitros durante os jogos são da Samsung num patrocínio de 100 milhões de dólares (78,8 milhões de euros) durante três anos – que implica, obviamente, a utilização pela tecnológica sul-coreana da marca NBA.

É a guerra das marcas tão comum no desporto norte-americano. Como acontece também, por exemplo, no principal campeonato de futebol americano. Aqui, o domínio está no campo da antiga empresa de Ballmer. O patrocínio da Microsoft para equipar a NFL com o seu tablet Surface Pro 3 vale 400 milhões de dólares (cerca de 315 milhões de euros). E tem um novo desenvolvimento publicitário.