Jordânia, provavelmente o mais tolerante e aberto dos países muçulmanos do Médio Oriente. Território encravado entre a Síria, o Iraque e a Arábia Saudita, mas resistente ao radicalismo islâmico que fere de mesquinhez e ignorância os três vizinhos das cercanias.
A melhor das testemunhas desta crescente ocidentalização jordana é Nelo Vingada. Habituado às agruras de algumas civilizações árabes, devido às passagens pelos Emiratos Árabes Unidos e pela Arábia Saudita, o técnico está fascinado com o ambiente encantador que encontrou em Amã.
Em diálogo com o Maisfutebol, o seleccionador da Jordânia faz o balanço de um ano e meio de estada no país. Traça a resenha do seu trabalho à frente desta selecção, aponta objectivos e aborda a vertente social de uma vida necessariamente distinta da que tem em Portugal.
O Natal, esse, é passado no nosso país. «Sempre que possível venho cá nesta altura. Mas no dia 29 de Dezembro parto para a Turquia, onde vamos fazer um estágio», explica-nos Nelo Vingada em início de conversa.
As limitações de um país que aprende a sonhar
No plano desportivo, o objectivo de Nelo Vingada chama-se «Taça da Ásia das Nações 2011». «Não conseguimos a qualificação para o Mundial2010, o que até é normal, visto que a Jordânia não está ainda sequer entre as dez melhores selecções asiáticas», vinca o treinador, que no dia 14 de Janeiro defronta a Tailândia para o arranque da qualificação para a prova continental.
«A qualidade da maior parte das selecções desta zona do globo é ainda relativamente baixa. Na Jordânia a liga profissional tem apenas um ano, os salários dos jogadores são muito baixos, existem somente dez equipas profissionais e dessas apenas três possuem qualidade razoável», acrescenta o antigo técnico do Marítimo e da Académica.
«Só existem cerca de três mil jogadores de futebol federados na Jordânia e no elenco da selecção apenas oito ou nove possuem nível para representar uma equipa de dimensão média em Portugal.»
Para que se compreenda melhor a dificuldade do trabalho de Nelo Vingada na Ásia, o treinador coloca a Jordânia a um nível semelhante das selecções de «Chipre, Malta, Geórgia e Bielorrússia». Ainda assim, o país aprende a sonhar com objectivos grandes e «todos acreditam» ser possível estar na próxima Taça da Ásia.