«Nunca vi Carlos Queiroz como treinador», disse Deco, em entrevista ao jornal «A Bola». O médio, que falou da Selecção, do passado e do presente, explicou o que se passou no Mundial na África do Sul, tentando esclarecer qualquer mal-entendido: «Fiz uma crítica, não a Queiroz mas ao jogo com a Costa do Marfim. (...) O problema não foi jogar ou não, ter saído ou não, mas sim a abordagem feita ao jogo; o meu erro foi, talvez, ter dito publicamente o que disse, pois acabou por ter uma repercussão grande e admito que ele, como treinador, tenha ficado aborrecido. Eu também ficaria no lugar dele, mas não mais do que isso.»

O antigo internacional luso conta que no dia a seguir ao jogo teve uma reunião com o ex-seleccionador que lhe terá dito «que o tinha traído», assim como «à Selecção, aos jogadores, a confiança do grupo». Deco respondeu que se Queiroz acreditava «em um terço» do que dizia teria de mandá-lo embora. O jogador prossegue dizendo que, mais tarde, falou com o presidente da FPF e com o treinador: «Pedi desculpa, caso tivesse ofendido a Federação, os jogadores, o que quer que fosse, dizendo ao dr. Madail que aceitaria qualquer castigo: deixar o Mundial, ser suspenso ou multado. O presidente disse-me que não se passava nada, pedindo eu autorização para pedir desculpa publicamente ao treinador em conferência de imprensa, depois de ter falado sobre o assunto com o grupo. Na minha cabeça, portanto, o problema estava sanado.»

Deco explica que não gostou de algumas declarações de Carlos Queiroz, classificando-as de falsas. Segundo o médio só isso o levou a falar do passado: «Fez-me uma série de acusações, dizendo que era um ex-jogador em actividade, que tinha chegado muito mal à selecção, pedido perdão aos portugueses e mais um monte de besteiras, mas o que tenho para referir é que da minha parte não me merece admiração, sinceramente, porque nunca o vi como treinador. Porém, sempre o respeitei.»

Apesar deste episódio, Deco diz ter saudades dos tempos em que representou a Selecção Nacional e deseja «muita sorte» a Paulo Bento.

O jogador luso-brasileiro recordou também a época em que foi orientado por Mourinho, mostrando admiração pelo português: «Consegue tornar um grande jogador em excepcional, assim como consegue que um futebolista apenas razoável se torne útil ao grupo. (...) Não conheço ninguém no futebol como ele.»