O Campeonato do Mundo de clubes começa a jogar-se nesta quarta-feira, com o Bayern Munique ainda na Alemanha, a fazer contas ao final da fase de grupos da Liga dos Campeões, e o At. Mineiro acabado de chegar do Brasil. A 10ª edição da prova que a FIFA criou para encontrar um campeão do mundo e que substituiu a Taça Intercontinental joga-se pela primeira vez em África e, como nas outras ocasiões, a várias velocidades.

O número de equipas presentes é ímpar e requer um primeiro jogo isolado. O sorteio é condicionado de resto pela hierarquia dos clubes no mapa mundial. O pontapé de saída será dado então em Marraquexe, onde o Raja Casablanca, que entra como campeão de Marrocos, o país anfitrião, defronta o Auckland, da Nova Zelândia, para definir quem se apura para os quartos de final.

Depois só volta a jogar-se no sábado. O vencedor deste primeiro jogo defronta o Monterrey, campeão da Concacaf, enquanto no outro jogo dos «quartos» estarão frente a frente o Guanghzou Evergrande de Marcelo Lippi, campeão asiático, e o Al Ahly, do Egito, campeão africano em título.

Ao campeão europeu e ao campeão sul-americano, as equipas que jogavam a Taça Intercontinental, está reservado o privilégio de entrar em campo apenas nas meias-finais, daqui por uma semana. Eles são sempre os favoritos, e têm-no confirmado.



Desde que se realizou pela primeira vez o Mundial de clubes, em 2000 (interrompido depois e de regresso com regularidade apenas em 2005), só por uma vez a final teve uma equipa de outro continente que não a Europa ou a América do Sul. Foi em 2010, quando os congoleses do Mazembe eliminaram o Inter Porto Alegre na meia-final e chegaram à decisão, acabando por ver o Inter Milão levantar o troféu.

Até agora, a América do Sul leva vantagem no histórico, com cinco vitórias contra quatro europeias. Também encara tradicionalmente a prova com outro entusiasmo. A partida do At. Mineiro para Marrocos nesta segunda-feira, por exemplo, foi acompanhada nas ruas, até ao aeroporto, por milhares de adeptos do «Galo», que fizeram questão de apoiar Ronaldinho Gaúcho e os companheiros.  



«O Mundial de Clubes é a competição mais importante para nós sul-americanos e, por isso, é tão desejadopelo adeptos», resumia à partida o avançado Diego Tardelli: «Serão jogos difíceis, mas temos tudo para fazer uma grande competição. Tenho a certeza que a torcida estará com a gente lá, e nós todos do Atlético acreditamos muito no título.»

Guardiola pode ser tri

Do lado do Bayern, Pep Guardiola fez uma comparação na semana passada que diz tudo sobre a hierarquia de competições na sua mente. Líder tranquilo na Bundesliga e já com o apuramento na Liga dos Campeões garantido, o treinador antecipava assim o jogo com o Augsburgo para os oitavos de final da Taça da Alemanha, que os bávaros venceram por 2-0: «Ainda temos o Mundial de clubes, mas para mim este é o jogo mais importante antes da paragem de inverno.»

Pep Guardiola também fala de barriga cheia, ele que já venceu o Mundial de clubes por duas vezes, em 2009 e 2011, e é o treinador com mais vitórias no atual formato da prova. E também sabe que, mesmo não gerando grande entusiasmo por antecipação, a decisão é sempre um momento alto para qualquer equipa.

«É muito importante para o clube. É um dos títulos mais prestigiados para jogar. Não é fácil chegar a este jogo, é preciso ganhar a Liga dos Campeões», dizia o treinador catalão em outubro. «Talvez para os media, pelo ambiente, não seja tão importante, mas quando se chega ao local, quando chegarmos a Marrocos, percebemos na totalidade como é importante este título para os jogadores, treinadores, para o clube.»

Guardiola dizia também que quando venceu o Estudiantes em 2009 achou que «nunca mais voltaria» a jogar a decisão do Mundial de clubes. Nesse ano o Barcelona e Guardiola fizeram história: ganharam seis competições, todas aquelas em que participaram.



Afinal, Guardiola voltou ao Mundial de clubes em 2011 e voltou a vencer, dessa vez frente ao Santos, e agora encara de novo a terceira vez com a mesma abordagem da primeira: «Talvez não volte a ter outra oportunidade de jogar este torneio e quero vivê-la como a última oportunidade de ganhar este troféu.»



Se bem que possa ser o tri para Guardiola, para o clube que vencer a edição de 2013 será uma primeira vez, nenhum dos participantes ganhou o Mundial de clubes. As contas históricas são bem diferentes, claro, se tivermos em conta a Taça Intercontinental, que se jogou entre 1964 e 2004. O Bayern Munique venceu duas vezes esse confronto, que chegou a ser a duas mãos e na fase final era um jogo único, entre o campeão europeu e o sul-americano.

O último vencedor da Intercontinental foi o FC Porto, que a ganhou e 2004, faz esta quinta-feira nove anos. Foi frente aos colombianos do Once Caldas, no desempate por penáltis que teve Pedro Emanuel a marcar o ponatpé decisivo.



Os dragões ganharam-na aliás por duas vezes. A primeira foi a 13 de dezembro de 1987, depois da Taça dos Campeões Europeus ganha ao Bayern Munique. Na neve de Tóquio, também faz anos por estes dias.



Nenhuma outra equipa portuguesa conseguiu vencê-la. O Benfica perdeu as duas oportunidades em que teve, em 1961, frente ao Peñarol, e em 1962, com o Santos. A decisão foi na Luz e os brasileiros ganharam por 5-2.



Calendário do Mundial de clubes

Play-off para os quartos de final
Quarta-feira, 11 de dezembro
Jogo 1: Raja Casablanca-Auckland City (19:30, Agadir)

Quartos de final
Sábado, 14 de dezembro
Jogo 2: Guangzhou Evergrande-Al Ahly (16:00, Agadir)
Jogo 3: Vencedor Jogo 1-Monterrey, (19:00, Agadir)

Meias-finais
Terça-feira, 17 de dezembro
Jogo 4: Vencedor Jogo 2-Bayern Munique (19:30, Agadir)

Quarta-feira, 18 de dezembro
Jogo 6: Vencedor Jogo 3-Atlético Mineiro (19:30, Marraquexe)

Quinto e sexto lugares
Quarta-feira, 18 de dezembro
Derrotado Jogo 2-Derrotado Jogo 3 (16:30, Marraquexe)

Terceiro e quarto lugares
Sábado, 21 de dezembro
Derrotado Jogo 4-Derrotado Jogo 6 (16:30, Marraquexe)

Final
Sábado, 21 de dezembro
Vencedor Jogo 4-Vencedor Jogo 6 (19:30, Marraquexe)