O apedrejamento do autocarro do Benfica, e do carro onde seguia o presidente do clube, é mais um sinal do insustentável ambiente no futebol português.

Trata-se de um momento lamentável, condenável e sobretudo preocupante, por constituir um passo mais numa escalada de violência.

Às autoridades policiais competirá descobrir os autores de tão cobarde ataque e, deseja-se, apresentá-los à justiça. Até sabermos mais, não é rigoroso ligar o que se passou a um clube ou dirigente, como fez Luís Filipe Vieira.

No entanto, apesar do cuidado que a análise destes incidentes deve merecer, acho que é justo responsabilizar os dirigentes do Benfica e do F.C. Porto (por ordem alfabética no texto...) pelo clima irrespirável em que vive o futebol português. Não me refiro a este incidente, repito, mas ao ambiente geral. Até porque já houve outros incidentes semelhantes, com diferentes protagonistas e distintos emblemas.

Há muito que os responsáveis de Benfica e F.C. Porto ultrapassaram todos os limites civilizados. Sem que se preocupassem com as consequências das suas palavras.

Não afirmo que a troca de palavras entre Pinto da Costa e Vieira, que dura há anos, está na origem deste ou de outros incidentes do género. Mas estou convencido de que a relação doentia entre ambos em nada ajuda o futebol português. Muito pelo contrário.

Sinceramente, não sei se é possível evitar ataques como o de ontem (e outros do género, mais ou menos graves). Até porque o futebol costuma ser um palco onde se manifestam também as tensões e desilusões sociais. E Portugal está como sabemos. Mas sei que Jorge Nuno Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira, enquanto presidentes dos dois maiores clubes portugueses, deviam desempenhar um papel relevante no esvaziar da tensão.

Infelizmente têm sido os maiores agitadores. Tudo o que não precisávamos.

Por muito sucesso desportivo que ambos tenham tido ou venham a ter, o nome de Pinto da Costa e Vieira entrará também na história do futebol português pelos motivos errados. Um e outro deviam envergonhar-se e mudar de atitude.

Antes que seja tarde de mais.