Messi começou quase perfeito. Foi naquele lance, ainda antes dos dez minutos, quando num metro colocou o pé esquerdo na bola e a fez passar por cima de Casillas, rumo ao poste.

Terminou perfeito, no Barcelona-Real Madrid. Pelo meio, o argentino fez quase tudo o que quis. Tudo menos o golo, que continua a escapar-lhe quando defronta equipas de José Mourinho.

Mas comecemos pelo princípio. Entre Messi e Ronaldo, o primeiro a ver-se foi o português, mas só porque sofreu uma falta na primeira respiração. A seguir não chega a uma bola, depois ganha de cabeça, cruza, mas para ninguém.

Do outro lado, Messi aparece para ganhar um canto, aos cinco minutos. A seguir o tal lance, aos seis minutos. Um sonho, aquele movimento.

Ronaldo tenta pegar na equipa. Começa a ser a referência do Real. Pena para Mourinho que seja o único. Ainda é cedo, mas não para Messi. O argentino tem aquele jeito de espião, dissimulado em todos os cantos do campo, aparecendo sem previsão. Aos dez minutos começa cá atrás a jogada que dará o 1-0. Dele para Xavi, o resto já se sabe.

Ronaldo reage bem. Pede a bola, recebe-a. Aos 14 minutos faz grande passe para Benzema, dá perigo. O Real parece capaz de reagir.

Imagem errada. É o Barcelona quem chega ao 2-0. Messi assina grande arrancada aos 17 minutos. Um aviso. Logo a seguir é ele quem começa o lance do 2-0.

Ainda é cedo e Ronaldo é o jogador do Real Madrid que melhor o entende. Aos 31 minutos vê amarelo por querer retirar a bola da mão de Guardiola, para acelerar a coisa.

Mais à frente, aos 39, o português chega antes de Valdés a uma bola. Toca-a e no contacto com o guarda-redes do Barcelona, cai. O árbitro deixa andar.

E agora o quê?

O intervalo chega com o Barcelona a vencer bem o Real, mas com Ronaldo não muito longe de Messi. Tinham feito coisas diferentes. O argentino mais em qualidade, o português mais em quantidade, tentando concretizar o trabalho que lhe competia, mais o de Ozil, Di Maria e Benzema. Difícil.

A segunda parte foi muito diferente. Messi pegou mais no jogo, e mais atrás. E essa foi a principal questão. O Real, agora com mais um jogdor no meio-campo, nem por isso defendeu melhor.

O argentino passou a aparecer onde queria, como desejava. Por isso foi possível vê-lo a fazer um passe rasgado para o 3-0 e logo a seguir para o 4-0. Espantosos, perfeitos, inesquecíveis, dignos de um clássico.

Até ao fim, Ronaldo continuou a lutar. Messi ainda retirou Sérgio Ramos do jogo, ao ser alvo de uma entrada vergonhosa por parte do lateral madridista.

Resultado final neste duelo entre Messi e Ronaldo: um qualquer abaixo do 5-0 que ficou para a história entre as duas equipas. O português não mereceu ser goleado.

Uma palavra para os outros dois portugueses, Ricardo Carvalho e Pepe. Muito castigados pela qualidade do adversário, apesar de tudo tiveram momentos em que a qualidade de ambos impediu maior descalabro. Como quase sempre sucede quando se joga com o Barcelona, o problema esteve sobretudo no meio-campo.

O jogo foi coberto no Twitter pelo jornalista Luís Sobral, em tempo real. Veja como foi aqui.