Cristiano Ronaldo, Rooney, Saviola ou Riquelme são exemplos de jogadores que conheceram o sucesso com tenra idade. Como é que um miúdo consegue lidar com a fama e a necessidade de mostrar que será o que prevêem para ele, uma grande estrela? José Maria Buceta, psicólogo do Real Madrid, alerta para os perigos do sucesso precoce. O talento de nada vale quando a mente não aguenta a pressão.
«Muitos problemas surgem nos sub-16, sub-18, onde há jogadores que coleccionam títulos mundiais e europeus, mas depois muitos deles não estão preparados para gerir o sucesso precoce. Ficam com a ideia de que têm de fazer sempre grandes jogos. Um jogador da equipa B que está uma ou duas vezes com o plantel principal pode não estar preparado para ter de voltar à formação secundária. Sente a obrigação de fazer tudo sempre bem. Conheci o caso de um jogador dos sub-17, um grande jogador, que vinha de um meio pequeno. Todos os que viviam à sua volta dependiam dele. O ano passado preferiu abandonar o futebol e voltar ao campo e guardar ovelhas. Este jogador não estava preparado para o sucesso precoce. Quatro meses depois voltou, mas o sucesso precoce é muito perigoso», analisa, para concluir: «É preciso que os atletas destas idades tenham um profissional a segui-lo.»
Os jovens jogadores não estão habituados a lidar com os erros. A melhor forma de lhes mostrar que isso faz parte do jogo da vida é mostrando-lhes as falhas dos futebolistas que admiram, aponta Buceta: «Costumo perguntar-lhes: Quem é o teu ídolo? Quantas vezes o viste a cometer erros, pergunto-lhes. Têm de entender que são pessoas e que cometem erros. Só porque são ídolos não podem cometer erros? É importante aceitar que não existem jogos sem erros. Os grandes jogadores são os que cometem erros e que conseguem aceitá-los e ultrapassá-los. Trabalhamos bem se usarmos exemplos de atletas conhecidos. Temos de trabalhar com exemplos.»