Começo por aquele que é para mim o momento do jogo: a importância da resposta, aos 62 minutos. O segundo golo do Porto marcado por Danilo, após ter sofrido o golo do empate dois minutos antes, diz muito da determinação e da vontade de alterar as coisas.

E o que nos revelou o
clássico do Dragão?

1. O Porto, que não tem demonstrado um nível exibicional por aí além, apresentou-se mais forte, com maturidade e experiência.

2. O Sporting, que demonstrou personalidade, soube ter a bola, pressionar alto em alguns momentos mas revelou incapacidade para decidir nos últimos 30 metros. Curto para ganhar. Faltou talento e qualidade para fazer a diferença no útimo terço.

3. William Carvalho vai-se afirmando. Fez bem o seu trabalho e tem espaço para progredir. Foi o elemento mais esclarecido, sempre bem posicionado, com poucos toques na bola e a dar o equilíbrio. Apesar do golo, os seus atributos são outros.

4. Lucho continua a ser um elemento importante. Mesmo com algum desgaste físico, Paulo Fonseca não prescindiu da sua experiencia, para uma forma de jogar diferente no final e o terceiro golo é a prova disso.

5. Fernando é incansável. Garante intensidade e capacidade de pressão, sempre com atenção às coberturas.

6. Danilo e Alex Sandro são fundamentais para a forma de jogar do Porto. Independentemente dos adversários directos, a sua preocupação, além das tarefas defensivas, é desequilibrar nos momentos ofensivos. Profundidade pelo corredor e capacidade para procurar outras zonas. A forma como apareceram em zonas de decisão fez a diferença.

7. A confiança e classe no penalty de Josué.

8. Montero trazia os nove golos como recomendação, mas foi de menos para Otamendi e Mangala. Faltou-lhe o apoio, foi sempre um elemento sozinho e assim é difícil. Na única oportunidade que se viu livre desta dupla, falhou.

9. E do outro lado, Jackson? Apesar das dificuldades, bateu-se bem e deu muito trabalho a Maurício e Rojo. Movimenta-se bem, é forte, segura e serve de apoio para os companheiros.Não marcou mas teve mérito.

10. Carrillo, Capel e Wilson Eduardo não conseguem afirmar-se nestes jogos. Têm qualidade e não têm que ter medo de ir para cima e arriscar. O que perdem? Nada. Assim o tempo passa. Danilo e Alex Sandro não se preocuparam com eles.

11. E as substituições? Ambos foram conservadores. Paulo Fonseca geriu a equipa e o resultado. A experiência dos jogadores ajudou a fazer o resto. Leonardo Jardim apenas fez troca por troca. Por quê Magrão a cinco minutos do final? Não quis perder a identidade, referiu, mas esperava algo mais. Outro sinal. Por vezes é preciso e isso não quer dizer que não se acredite no processo ou se altere a identidade. Era apenas um jogo.

Em jeito de conclusão: Paulo Fonseca respira melhor e esta vitória vai reforçar os índices de confiança da equipa. Sozinho na liderança, espera ver crescer mais a equipa e preparada para os próximos desafios.

E o Sporting? Melhorou muito e a responsabilidade é de Leonardo Jardim. Estamos na 8ª jornada. Construiu a equipa, dando-lhe aquilo que ela precisa, sempre no seu registo coerente e realista. Nos jogos de maior dificuldade ainda não é capaz de fazer mossa, de marcar definitivamente. 

A equipa sabe o que faz e está rotinada nesse papel. O treinador sabe que não tem individualidades que possam fazer a diferença e por isso a sua bandeira é o colectivo. O mais possível. Forte, consistente, equilibrado, mas por vezes não chega. Foi o que aconteceu. Por isso afirma, de forma clara, que o Sporting não fez a candidatura ao título porque não apresentou argumentos para tal.

Para já é tempo de manter a equipa pronta para ganhar, superando as dificuldades e ir consolidando o processo iniciado, para quando chegarem os confrontos de maior exigência, estar mais bem preparado.