Nadal chega como nº1 do mundo. Djokovic defende os três títulos que ganhou nos últimos três anos. Murray está de volta. Federer está lá para ganhar. Há ainda Del Porto... O Open da Austrália deste ano abre a temporada do ténis com tantos pontos de interesse que deixa os favoritismos espalhados ainda em mais partes. Os ingredientes para ser um dos melhores torneios dos últimos anos já estão todos lá.

Por isso até, é difícil escolher por quem começar no lançamento do torneio que na próxima segunda-feira começa em Melbourne. Comece-se por Novak Djokovic – não necessariamente porque é o detentor do título, mas porque até facilita o discorrer destes tantos interesses. O sérvio aparece na Austrália levando Boris Becker como nº1 da sua equipa de treinadores. E como Djokovic, também Roger Federer levará consigo outro consagrado das décadas de 1980 e 90. O suíço também passou a ser treinado por Stefan Edberg.

São dois casos peculiares de vencedores de torneios do Grand Slam que têm agora como treinadores antigos jogadores também famosos por idêntico sucesso no ténis. O terceiro caso também presente na Austrália é o de Andy Murray – o britânico está de volta à competição depois de quatro meses de ausência após uma operação às costas. E Murray até foi o primeiro destes a formar estas duplas com «majors» no currículo quando contratou Ivan Lendl para seu treinador, se bem que de forma diferente, pois o resultado aconteceu a posteriori: Foi após a contratação do checo naturalizado norte-americano que Murray ganhou um torneio do Grand Slam – logo no primeiro ano, em 2012; e agora já lá vão dois (e um título olímpico).

Um recorde absoluto na mira de dois gigantes

Os jogadores querem mais, mesmo que já tenham ganho muito – até porque, precisamente, se sentem na posição de que podem. As palavras de Becker já na Austrália sobre Nole podem servir de explicação geral para esta situação do melhor ténis dos dias de hoje: «Ele quer ganhar mais e está a trabalhar com uma boa equipa que tenta torná-lo melhor.»

Volta-se a Djokovic, pois ainda não se acabou de falar do sérvio. Chega a Melbourne como nº2 do mundo, mas dizer que atualmente há alguém mais favorito do que ele é sempre difícil. E chega para defender o(s) seu(s) título(s). Não apenas o que ganhou no ano passado, mas os três que ganhou nos últimos três anos. Com quatro vitórias no Open da Austrália nos últimos seis anos é também difícil duvidar de Djokovic quando diz que que este é atualmente o seu torneio «favorito».

Com os mesmos quatro títulos do grand slam australiano no currículo está Roger Federer. O objetivo de médio-longo-prazo será recuperar da fraca época que fez em 2013. Mas será também ganhar já o quinto troféu na Rod Laver Arena. Quem de entre o suíço ou Djokovic o conseguir entrará para a história como recordista absoluto de vitórias na era Open. Federer começou bem a temporada em Brisbane, mas não tão bem como prometeu, pois a promessa (ainda) não foi até ao fim e perdeu a final para o veterano da casa Lleyton Hewitt.

E é então altura de passar a palavra a Rafael Nadal. O nº1 do mundo é um candidato que também talvez não permita outros mais favoritos do que ele. E as portas tanto estão abertas para manter o estatuto como para perdê-lo, tantas são as variantes em cena na Austrália – como já se referiu. O ano, entretanto, começou da melhor forma para o espanhol com a vitória no Open do Qatar.

João Sousa com a mira na quarta ronda

Andy Murray terá muitas atenções centradas em si não só por ser quem é, mas também por regressar depois da operação. A paragem serviu para um regresso em força ou será ainda cedo de mais para estar ao mais alto nível num torneio cujos encontros são disputados a cinco sets? O britânico dá-se bem na Austrália e, apesar de nunca ter conquistado o troféu, esteve em três das finais dos últimos quatro anos.

Juan Martín Del Porto é o outro detentor de um «major» – Open dos Estados Unidos (em 2009) – no quadro do Open da Austrália e o seu caráter de incógnita no bom sentido – ou seja, ninguém ficará espantado se surpreender todos – enriquece aqueles tais ingredientes. A primeira metade do quadro no sorteio que ficou definida nesta sexta-feira mostra bem a riqueza de que se está a falar. No primeiro quarto do mapa, o 5º cabeça de série Del Potro pode cruzar-se com o nº1 Nadal nos quartos de final. E no segundo quarto do mapa (fechando a primeira metade do quadro) estão Murray (4º pré-designado), Jo-Wilfried Tsong (10º) e Federer (6º). Uma fortíssima primeira metade que permite equacionar múltiplos embates de igual interesse até se chegar a uma das meias-finais.

Na segunda metade do quadro de singulares masculinos estão os outros cinco «top ten» do mundo, mas a luz já não é tão brilhante. Tomas Berdych (7º) e David Ferrer (3º) são os cabeças de série do terceiro quarto do mapa – aquele onde João Sousa está. No último quarto do mapa, Djokovic (2º), Richard Gasquet (9º) e Stanislas Wawrinka (8º) são os cabeça de série mais cotados.

João Sousa defrontará um jogador do qualifying na estreia da sua quinta participação num torneio do Grand Slam. O tenista português esteve em todos os «majors» de 2013. E o seu objetivo primeiro que todos será, então, neste ano ultrapassar a presença na terceira ronda – o melhor resultado do ano passado, no Open dos Estados Unidos. Sousa teve um bom sorteio e o 51º primeiro do mundo não estava pré-designado, mas apanhou um adversário dos menos cotados de todos. Na Austrália, o tenista de Guimarães chegou no ano passado à segunda ronda, quando foi afastado por Andy Murray.

Serena, Azarenka e depois... logo se vê...

No quadro feminino, as apostas têm um ângulo de incerteza muito mais reduzido. E, à partida, as percentagens concentram-se na maior parte em Serena Williams e Victoria Azarenka. A norte-america, porém, também se diferencia – para melhor – da bielorussa. Williams é a incontestada nº1 do mundo e vem de uma época fantástica terminada com o triunfo nos WTA Championships – antecedidos (no que aos grandes torneios diz respeito) pela vitória no US Open, precisamente sobre Azarenka.

Entre aqueles dois torneios, a norte-americana e a nº2 do mundo defrontaram-se ainda em Tóquio, com novo triunfo para a nº1 do mundo. Mas a bielorrusa também tem galões para puxar. Ou não fosse ela a detentora do título australiano, que já é seu desde 2012. Serena e Azarenka já se encontraram entretanto neste mês na preparação para o Open da Austrália. E a vitória em Brisbane voltou a ser da norte-americana.