A dois dias das eleições do Benfica ainda ninguém pode garantir que de facto haverá acto eleitoral.
E, havendo, ninguém pode garantir o número exacto de listas. Uma? Duas? Nenhuma? Tudo é possível.
Este facto, indesmentível, é indigno de um clube com a grandeza do Benfica.
A responsabilidade por este momento lamentável da história do Benfica é, exclusivamente, de todos os elementos dos órgãos sociais do clube que se demitiram em Junho. E, sobretudo, de Luís Filipe Vieira e Manuel Vilarinho.
O líder da direcção porque provocou a demissão. O presidente da Assembleia Geral porque, segundo relevou no próprio dia da demissão no programa «Prolongamento» (TVI24), cedeu à estratégia de Luís Filipe Vieira. Pelo menos foi o que ele disse. E Vieira não desmentiu.
No dia em que se demitiram, os órgãos sociais alegaram instabilidade. Na altura, o argumento pareceu frágil e sem sustentação real. Visto agora, apenas escassas semanas depois, é no mínimo irónico. Nos últimos anos, as últimas semanas constituíram o período de maior instabilidade no clube.
Esta situação afecta a credibilidade do Benfica.
Tal como a generalidade das pessoas, não faço ideia do que sucederá na sexta-feira. Mas sei quem já perdeu: o Benfica, em tempos um clube que podia dar lições de democracia e saber estar.
P.S.: Na entrevista desta terça-feira, na SIC Notícias, Luís Filipe Vieira manifestou a intenção de propor uma alteração nos estatutos. Segundo o próprio, pretende mudar de cinco para 15 o número mínimo de anos de associado para quem deseja candidatar-se a presidente. Por este andar, José Veiga só poderá defrontar o actual presidente demissionário numa partida de matraquilhos. Com excepção de um colunista mais apaixonado e de algum sócio menos informado, haverá um benfiquista que se reveja neste processo eleitoral?