É curioso ver o «desespero» do Benfica para negociar Julian Weigl neste mercado do verão europeu. De repente, tornou-se um jogador descartável e que não serve de todo para o futebol português.

O alemão nada mais é do que vítima e reflexo da desorganização instalada no clube da Luz nos últimos anos, dentro e fora das quatro linhas. A começar pelo próprio negócio: contratado a peso de ouro, sem uma avaliação mais aprofundada.

Passou pelas mãos de Bruno Lage, Jorge Jesus e Nelson Veríssimo, sempre esteve distante de ser indiscutível. Teve, sim, bons momentos. No geral, mesmo sendo acima da média para Portugal, não passou de um reforço mal aproveitado e subvalorizado.

Weigl não é caso virgem. Longe disso. O exemplo mais gritante é Raúl de Tomás. Também chegou como contratação de impacto, mas não conseguiu afirmação. Na verdade, recebeu pouquíssimas oportunidades para tal. Jogou em posições discutíveis, foi sendo esquecido e então empurrado para fora. Precisou sair para ter o valor e as características reconhecidas.

Pedrinho e Luca Waldschmidt vieram logo a seguir. Dois jogadores de ataque claramente com perfis distintos e atrativos dentro do grupo encarnado. O primeiro foi menosprezado praticamente desde o primeiro dia. Já o segundo chegou a justificar várias vezes o forte investimento, mas acabou por seguir o mesmo caminho: a porta dos fundos.

Sem muito mercado, especialmente por causa dos valores envolvidos, Weigl tem sido trabalhado (desde a temporada passada) de forma intensa - e injusta - para ser o próximo da fila. Muito mais por questões financeiras do que propriamente por motivos técnicos ou táticos. Simples assim.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil.