Peço licença para apropriar-me de um lugar de fala que não é meu. É todo dela(s). Ainda assim, sinto uma necessidade desenfreada de fincar uma posição pública. Pode até soar clichê, mas é mais forte do que eu.

Ela, especialmente ela, não precisa ser defendida por mim. Por ninguém, na verdade. Tem personalidade suficiente para sozinha bater de frente com o machismo estrutural. Já faz isso tem um bom tempo.

Um preto apresentando noticiário esportivo? Vamos nos acostumando. Um brasileiro criticando os bastidores do futebol português? Olha, até aceitamos. Uma mulher a falar de bola em rede nacional? Muita calma, não vamos exagerar. Onde é que já se viu? Um absurdo.

Nem sempre é o conteúdo da opinião, tampouco as expressões exageradas e palavras provocativas. É única e exclusivamente a opinião. É a revolta misturada com inveja em ouvir ou ler aquela que a nossa sociedade quer que esteja retraída e calada. No "lugarzinho dela".

Apesar de ter as minhas próprias brigas e meus demônios e fantasmas para diariamente lidar e afastar, nunca é demais ser presente para dar apoio ou oferecer uma espécie suporte. Também aprender. Isso, convenhamos, todos nós precisamos.

Invejo a força e os escudos que ela criou. Valorizo a paciência que costuma ter. Mesmo com as nossas discordâncias, aprecio a comentadora que tornou-se. A mulher que é e tudo aquilo que representa.

* Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil.