P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos.  

A sensivelmente dois meses do final da época começam a surgir as primeiras confirmações de mudanças a consumar no verão. Desde logo Danilo, vendido pelo FC Porto ao Real Madrid, mas também Arkadiusz «Arek» Milik. Na passada quarta-feira o Ajax anunciou ter acionado a opção de compra que estava estabelecida no acordo com o Bayer Leverkusen, clube que o tinha enviado para a Holanda por empréstimo.
 
Um desfecho já esperado, tendo em conta as opções que o emblema alemão tem (o capitão Kiessling e anda Drmic, que se vem afirmando progressivamente), mas previsível também pelo rendimento de Milik no Ajax: 23 golos em 33 jogos. Uma média especialmente assinalável se tivermos em conta que se trata de um jogador de apenas 21 anos, e disponível por um preço moderado: 2,8 milhões de euros, pouco mais do que o Bayer Leverkusen tinha investido nele, em 2012.
 
Nascido em Tichy, Arek Milik agarrou-se ao futebol para endireitar uma vida que teve um início complicado. Ainda muito pequeno viu o pai sair de casa e durante algum tempo a mãe teve dificuldade em controlar o seu comportamento. Com apenas seis anos parecia já desviado para mais caminhos, até que encontrou uma nova figura paternal: Sławomir Mogilan, o treinador que o levou para o futebol, mais concretamente para o Rozwoj, emblema de Katowice, a 20 quilómetros de Tichy.
 
Com apenas 16 anos foi promovido à equipa principal do clube, que militava na terceira divisão (agora está na segunda). Na temporada seguinte (2011/12) saltou para o escalão principal, aos 17 anos, contratado pelo
 
Em 2011, aos 17 anos, saltou para a primeira divisão, contratado pelo Gornik Zabrze. Só lá esteve dezoito meses, período no qual marcou onze golos no campeonato. Em dezembro de 2012 assina pelo Bayer Leverkusen, e o segundo e terceiro jogos pela equipa alemã são frente ao Benfica. Na Luz faz mesmo a assistência para o golo de Schürrle.
 
Em 2013/14 é emprestado ao Augsburgo, mas chega já no final de agosto e não se consegue impor. Passa a temporada quase toda no banco e marca apenas dois golos.
 
O Ajax acreditou nele, ainda assim, e recebeu-o por empréstimo. Milik voltou à Luz para a Eusébio Cup, como titular, mas começou a época com estatuto de suplente. Começou a dar nas vistas com os dois golos da vitória sobre o Heracles (2-1) e depois com seis tentos ao modesto Watergraafsmeer, na Taça da Holanda. Foi conquistando a titularidade aos poucos, e nesta altura soma os tais 23 golos em 33 jogos.
 
Um rendimento que lhe tem permitido afirmar-se também na seleção polaca, comandada por Adam Nawalka, o técnico que o levou para o Gornik Zabrze e que o tem juntado agora à estrela Robert Lewwandowski. Em quinze jogos pelo sei país Milik soma seis golos.
 
Adapta-se tanto ao 4x4x2 como ao 4x3x3. Embora esteja cada vez mais próximo da área está também habituado a atuar como extremo, e é por isso um avançado móvel, com um pé esquerdo muito perigoso. É um apoio fiável para as tabelas dos médios e finaliza muito bem com o melhor pé. Reúne a capacidade física ideal para um jogador que, sem prescindir da técnica e da agilidade, precisa também de conquistar o seu espaço na área, mostrando-se relativamente competente no jogo aéreo.
 
A permanência em Amesterdão permite-lhe alimentar o desenvolvimento, com Dennis Bergkamp como treinador «particular», e num clube que teve Luis Suárez ou Zlatan Ibrahimovic. A lutar por títulos, numa equipa que até pelo contexto competitivo pratica um futebol muito ofensivo.
 
Depois da desilusão alemã, Milik voltou a reerguer-se na Holanda. Com a mesma força mental que adquiriu às primeiras desilusões da vida.