P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos.
Aqui destacado há quatro meses, e entretanto contratado pelo Manchester City, Yan Couto foi o jogador que mais me impressionou no último Mundial sub-17, mas isso não quer dizer que esteja tudo dito sobre a seleção brasileira, que conquistou o título. Até porque o prémio de melhor jogador do torneio foi para outro «canarinho»: Gabriel Veron, promessa do Palmeiras.
Veron é nome próprio, e não apelido, em homenagem ao antigo internacional argentino, que em 2002, quando Gabriel nasceu, estava no Chelsea.
Recentemente o jovem avançado brasileiro até recebeu uma camisola do agora presidente do Estudiantes, para além de uma mensagem de incentivo em vídeo, numa surpresa preparada pelo Palmeiras, clube onde está desde 2017.
Nascido em Assu, no interior do estado do Rio Grande do Norte, Gabriel Veron estava destinado a ser “vaqueiro” como o pai, fosse seguida a vontade (inicial) deste, mas a mãe sempre teve outros planos, e por isso impulsionou a paixão pela bola.
Começou a jogar futsal na terra natal, mas aos 13 anos foi recrutado pelo Santa Cruz de Natal, a capital do Rio Grande do Norte. No mesmo estado, mas a 200 quilómetros de casa, a adaptação não foi fácil, até porque nos primeiros tempos ficou a viver numa churrasqueira do presidente do clube, João «Quebra Osso». Gabriel pensou em desistir, voltar para o conforto familiar, mas acabou por ultrapassar as dificuldades.
Dois anos depois (no início de 2017), João «Quebra Osso» indicou o jovem talento ao Palmeiras. Gabriel foi recebido para um período experimental de dois ou três meses, na academia do clube, mas ao fim de quatro treinos garantiu um lugar.
Estreou-se pela equipa principal no passado dia 28 de novembro, com apenas 17 anos. Uma semana depois fez dois golos e uma assistência na goleada ao Goiás (5-1), tornando-se assim o segundo jogador mais jovem de sempre a marcar pelo «Verdão», pelo qual soma agora dez jogos.
Uma promoção justificada em grande parte pelo brilharete no Mundial de sub-17, entre outubro e novembro. Para além dos três golos na prova, Gabriel Veron mostrou que é um avançado explosivo, muito possante. Não é por acaso que já em Assu lhe chamavam «tourinho».
Mas não se julgue que o jovem avançado tem apenas força. Apesar da baixa estatura, impressiona pela pujança física que apresenta, pela a capacidade de aceleração quando sai do drible e pela forma agressiva como ataca as zonas de finalização.
No Mundial jogou sobretudo pela direita, mas apesar de explorar bem a largura também gosta muito de aparecer em diagonal na área. É um jogador mais vocacionado para atacar a baliza do que propriamente para aparecer entre linhas, no corredor central. Daí que, para além da capacidade para jogar no flanco oposto, possa ter também uma perspetiva de futuro numa posição mais central.