P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

É compreensível que Sérgio Conceição tenha optado por não falar sobre as exibições do filho Francisco, ainda para mais na antevisão de um jogo (no caso com o Moreirense). Ficou-lhe bem aproveitar a pergunta para destacar outros nomes da equipa B dos dragões, de resto, mas o rendimento de Francisco na II Liga tem justificado todos os louvores recebidos.

O talento do esquerdino já tinha ficado bem patente nas duas épocas anteriores (uma nos juvenis e outra nos juniores), mas impressiona a forma como conseguiu adaptar-se à exigência do segundo escalão, ainda para mais tendo em conta que apenas completou 18 anos no passado mês de dezembro.

Francisco tem provado que o físico só conta para quem não tem mais nada para apresentar, mesmo dentro do contexto da II Liga, e pela primeira vez na carreira a enfrentar adversários com diferenças significativas de idade.

Embora o FC Porto B esteja em zona perigosa da tabela classificativa, Conceição soma quatro golos marcados em 14 jogos. Jogou 1046 de 1260 minutos possíveis. É o quinto jogador mais utilizado por Rui Barros. E acaba de fazer 18 anos, convém reforçar.

Utilizado preferencialmente pela direita, Francisco tem feito uma bela dupla com o irmão Rodrigo, que, diga-se, está a crescer muito como lateral, posição que o pai foi assumindo ao longo da carreira. E também no feitio (em campo, pelo menos) tem mostrado maior parecença com Sérgio.

Mas Francisco também tem a fibra da família, e é essa mistura que o torna ainda mais especial. É o mais virtuoso da família, o mais requintado tecnicamente, mesmo tendo em conta os outros irmãos futebolistas, mas junta a isso combatividade, agressividade e um espírito competitivo muito forte.

Uma espécie de rufia elegante em campo.

Na direita com a bola colada ao pé esquerdo, surpreende os adversários quando mostra que também conhece a linha de fundo, mas destaca-se sobretudo com aquele movimento à Messi, da direita para o meio, que todos conhecem mas poucos conseguem travar.

Tem qualidade para assumir mais esse movimento sem bola, e aparecer entre linhas para desequilibrar, mas isso está mais relacionado com a ideia de jogo da equipa do que propriamente com a perspicácia para explorar esse espaço.

Dos talentos que ainda não se fixaram na equipa principal do FC Porto, Francisco é já o que parece mais perto de lá chegar. Isso não quer dizer que o salto tenha necessariamente de ser para breve, mas comprova uma evolução notável.

Mesmo no silêncio público, Sérgio Conceição tem razões para estar orgulhoso. Como pai e como treinador do FC Porto.