A figura: Gaitán

De menos a mais, até sair como figura. Nico Gaitán tem tanta classe nos pés que até abusa. Na maioria das vezes, bem. Em raras ocasiões, mal. Mas ninguém fica indiferente ao que pensa e executa o argentino da camisola 10. Quando aos 25 minutos Maxi Pereira saiu da lateral para o meio, apenas Nico Gaitán percebeu que o uruguaio precisava de um apoio. Inteligente, saiu do meio da defesa e, num toque simples, deixou o colega na cara do golo. Menos simples, mas igualmente visionário três minutos depois: um passe tremendo para Salvio, que do outro lado, já na área, desperdiçou. A jogada repetir-se-ia no segundo tempo com resultado diferente. O pé esquerdo de Gaitán voltou a levar a bola à cabeça de Salvio, noutro momento brilhante do 10. O compatriota encarregou-se de marcar e dar a segunda assistência a Gaitán. O 10 da Luz acrescentou qualidade individual ao jogo do Benfica e é, provavelmente, um dos dois jogadores do plantel cujo talento consegue suportar o peso da camisola 10. P.S- quando se fala que por vezes abusa mal da classe, refere-se às vezes em que Gaitán deve utilizar a força para definir, como num contra-ataque na primeira parte, ou o último lance do jogo.

O momento: minuto 10

Numa dezena de minutos, o Paços era mais equipa que o Benfica. A estratégia dos visitantes sobrepunha-se e só não teve resultados no marcador porque Manuel José não fez golo no penálti de que dispôs. Artur defendeu e, pouco depois, aquela ideia de o paços estar melhor iria inverter-se.

Outros destaques

Maxi Pereira

Um coração ao serviço do Benfica. O uruguaio foi incansável no jogo, a bombear pelo lado direito, fosse em ação defensiva, fosse na outra vertente. Ora, ao contrário de Eliseu, o outro lateral, Maxi Pereira conseguiu afastar todos os problemas que lhe colocaram. Depois, com Salvio, dinamizou o flanco direito. É verdade que o argentino começou por dar o mote, mas Maxi acompanhou-o de imediato. Tanto assim foi que o lateral marcou mesmo o primeiro na Luz. Numa jogada em que teve de vir para o meio, por falta de espaço para a linha de fundo. Depois, foi só receber do génio da Luz e bater Defendi.

Salvio

Marcou o segundo da noite na Luz e mereceu-o. Toto Salvio foi o primeiro entre encarnados a conseguir desequilibrar. Com a equipa em menor produção, puxou da qualidade individual para chegar à linha de fundo e abrir a defesa pacense. Ou seja, foi ele que transportou o Benfica para um nível superior aos minutos iniciais. No segundo tempo, fez o que muitas vezes faz. Entrou na área e finalizou. É o melhor extremo do Benfica nesse aspeto: tem muito golo e, com o primeiro da temporada, serenou a Luz.

Artur

Numa altura em que se fala de um imperador para a baliza da Luz, Artur continua rei. Pelo menos, nos penáltis. O guardião brasileiro voltou a demonstrar algumas dificuldades a jogar com os pés, mas hora da decisão defendeu a grande penalidade de Manuel José. Saíra da Supertaça de Aveiro como último herói do Benfica. Neste domingo, começou por ser o primeiro. Uma defesa fundamental e o primeiro ato a afastar a maldição da primeira jornada.

Eliseu e Talisca

Os únicos novos no onze foram, também, aqueles que tiveram exibição de menor rendimento. Eliseu teve mesmo uma tarde bastante complicada. Hurtado apareceu-lhe várias vezes pelo caminho e o lateral não esteve bem nem no um para um, nem, por vezes, a ocupar os espaços devidos. Para além disso, ainda cometeu uma grande penalidade. Já o médio brasileiro começou ao lado de Lima e depois recuou para o meio-campo. Naquela primeira posição, nunca conseguiu fazer jogo entre linhas. Na segunda, raras foram as vezes em que as ultrapassou para que a equipa pudesse progredir. E ainda por cima, teve de ouvir um raspanete de Luisão quando se atrasou na pressão a um adversário.

Hurtado

Um perigo para o Benfica. O peruano era o primeiro apoio de Cícero, mais vagabundo no ataque do que o camisola 9. A rapidez do peruano causou vários problemas não só a Eliseu, que o tocou na área para o penálti, mas também a Jardel. O Paços surgiu na Luz bem organizado e a apostar muito na velocidade do peruano.

Sérgio Oliveira

Muito bem o médio pacense na Luz. Qualidade a defender e na saída a jogar. Perigoso nos livres. Sérgio Oliveira esteve em claro destaque nos melhores períodos do Paços de Ferreira na partida. Foi ele quem teve maior precisão no passe e inteligência a cortar linhas de passe ao rival. Em menos palavras: o melhor dos visitantes.