O tempo escapa-se-lhes. O Belenenses desperdiçou uma oportunidade para aproximar um rival direto na luta pela permanência. Não aproveitou a ocasião porque está demasiado aflito no fundo da tabela e perde discernimento quando precisa. Valeu, por isso, e quase só isso, um coração enorme dos que estiveram em campo, a adiar uma derrota que seria quase fatal [sublinhe-se o quase] e as substituições atempadas do treinador. O Paços esteve perto, muito perto de dar um golpe letal. Mas também falhou. Ainda assim, como está mais tranquilo, o empate sabe-lhe melhor.

O jogo começou intenso. Bola no poste de um lado, enorme a defesa de Degra do outro. Belenenses e Paços assumiram que esta era uma partida demasiado relevante para as contas, mas o desempenho das duas equipas em campo refletiu mesmo a posição de ambas na classificação. Mais tranquilos os pacenses na fase de construção, mais intensos os lisboetas, a tentar trepar saída de um poço fundo: o último lugar da Liga.

O Paços começou com uma bola ao ferro, de Bebé. Seguiu-se outra de Sérgio Oliveira, numa altura em que Degra, pelo meio, tinha já feito uma enorme defesa a cabeçada de Fernando Ferreira. Ora, para completar a ideia do parágrafo anterior, o Belenenses foi mais agressivo. Daí um maior número de faltas no somatório do primeiro tempo. Havia muito coração na equipa lisboeta, mais cérebro nos pacenses que conseguiam definir melhor as jogadas perto da baliza oposta, sem, com isso, concretizarem.

O que aconteceu no início do segundo tempo. E importa ter um capítulo só para o livre de Bebé.

Era longe. Era indireto. Mas o 33 do Paços acreditou que podia marcar. Matt Jones fez a barreira, mas o ligeiro desvio de Sérgio Oliveira, no toque para Seri, deu mais ângulo a Bebé. O resto foi um pontapé de força e colocação. Um golaço.

Ora, depois de um capítulo para Bebé, outro para Matt Jones. Se ficou a sensação de que podia ter feito algo diferente no 1-0, redimiu-se de forma espantosa. O Paços teve ocasiões para acabar com o jogo. Quem sabe acabar com as esperanças dos lisboetas na Liga. Mas Jones manteve a equipa viva. Evitou o 0-2, como à espera que chegasse Rojas ao jogo.

O paraguaio foi outro ator influente. Numa jogada, num passe, rasgou a defesa visitante. Geraldes deu um toque na obra e Caeiro, outro suplente, terminou-a. As trocas de Lito Vidigal deram certo e o Restelo empolgou-se.

A partir daí, foi como se o campo estivesse mesmo a descer para o Tejo. O Belenenses iniciou uma busca pela vitória. Sempre com demasiado coração para os rápidos contra-ataques do Paços e…Bebé. Porque o 33 pacense, mesmo a «subir», nunca deixou de ser perigoso.

Bebé e colegas não bateram de novo Jones, como os lisboetas não fizeram o mesmo com Degra. Melhor para o Paços que mantém distâncias. Já o Belenenses lutou até ao último segundo, como prometera o treinador em estreia no Restelo nesta noite. Terá de continuar fazê-lo, porque a Liga continua a palpitar-lhe nas mãos e o tempo corre.