O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

Olá a todos,



Em primeiro lugar peço desculpa aos leitores do Maisfutebol porque já deveria ter feito a minha terceira crónica há algumas semanas. Na verdade, os últimos tempos têm sido muito intensos com a concentração total em ganhar o campeonato o mais rapidamente possível para podermos passar à Taça e ficar com a dobradinha.



Escrevo-vos nesta altura, no meio de uma semana perfeita: provavelmente a melhor semana da minha vida desportiva. Vai ser difícil alguma vez esquecer o que têm sido estes dias. É sinal que tenho trabalhado bem e que as pessoas valorizam o que tenho feito, o que me motiva para continuar neste ritmo.



Estou na "ressaca" de três marcos importantes da época: fomos campeões no domingo passado, ontem qualificámos o Olympiakos para as meias-finais da Taça e hoje mesmo fui uma vez mais convocado pelo mister Paulo Bento para a Seleção Nacional. Perfeito.



Vou apresentar-me na seleção com o espírito que as pessoas já conhecem, de entrega e disponibilidade total. Chego motivado e de certeza que vou transmitir confiança ao grupo. Vão ser dois jogos importantes que vão exigir total entrega e concentração de todos.



Como podem imaginar, estou a viver um sonho que tive durante anos e anos: sinto-me um peça importante de uma equipa e de um clube que joga para ganhar títulos e anda sempre na alta roda do futebol europeu.

Agora que tenho um título, estou com muita vontade de ganhar a Taça também. Se há coisa que "dá vício" é ganhar, acreditem! Já chegámos às meias finais, mas o percurso não tem sido fácil. Lembro-me de um jogo particularmente difícil que tivemos em Patras, com o Panachaiki que até joga na segunda divisão.



A primeira mão foi normal, ganhámos 2-0 em casa, ainda com o mister Leonardo Jardim. Os problemas aconteceram no segundo jogo: num estádio com um ambiente incrivelmente hostil, começámos a perder 1-0. Mas na segunda parte conseguimos marcar o golo do empate e praticamente resolvemos a questão. Os adeptos do Panachaiki mudaram a atitude a partir desse momento: em vez de apoiar a equipa, começaram a atirar para dentro do campo... copos de café.



O jogo foi interrompido várias vezes. O árbitro ia ao balneário e... voltava. Ia e voltava, até que, à quinta ou sexta vez, o auxiliar quase levou com esses copos (eram mais baldes) de café e depois de falar com o árbitro decidiu acabar com o jogo logo ali. Nunca tinha visto nada assim e, apesar de tudo, foi um episódio curioso.



Desde então o percurso na Taça tem continuado sem sobressaltos. Ganhámos todos os jogos e sem sofrer golos. Agora estamos nas meias e com vontade de chegar à final para trazer mais uma Taça para casa.

Fiquei muito feliz pelas mensagens que recebi nos últimos dias vindas de Portugal. Estou orgulhoso por representar o nosso país na Grécia com estes resultados e devo grande parte deste sucesso àqueles que acreditaram em mim nos momentos mais difíceis. E é a vocês que dedico o campeonato e espero, daqui a algumas semanas, dedicar a Taça da Grécia.



Um abraço para todos,



Paulo Machado