Começo pelo que importa: estamos nos quartos de final. Era o que todos queríamos.

Sofremos, mas festejamos no fim. Marcar aos 117 minutos e enfrentar, nos três minutos que faltavam, duas situações de golo iminente da Croácia que nos levariam para os penaltis, foi difícil: parecia que o jogo não acabava. Mas já passou e o foco agora é a Polónia.

Umas notas para perceber como lá chegamos e como abordámos estes oitavos. O nosso onze teve quatro alterações relativamente ao último jogo contra a Hungria: entraram Adrien, Cédric e Fonte e regressou Guerreiro.

A estratégia de Fernando Santos assentava em duas grandes preocupações. Por um lado, boa organização e consistência defensiva. Por outro, evitar que as peças mais influentes do jogo croata tivessem tempo e espaço para mostrarem a sua qualidade. O olhar atento de Adrien sobre Modric e de William sobre Rakitic foi evidente e deu resultados.

Tivemos pouca qualidade de jogo e fomos sobretudo uma equipa à espera do adversário, limitando e impedindo as suas acções e tentando sempre que possível uma saída rápida, que quase nunca conseguimos.

A felicidade acabou por sorrir-nos aos 117 minutos, precisamente numa saída rápida, a aproveitar um momento de desequilíbrio defensivo croata. Foi isso que permitiu a Renato Sanches arrancar com a bola desde o nosso meio campo, como gosta e decidir o passe para Nani à entrada da área. Este rematou mal mas encontrou Ronaldo no seu caminho. O capitão rematou para defesa de Subasic, Quaresma estava lá para encostar de cabeça. Foi a loucura. A oportunidade surgiu e deu em golo: o plano traçado e definido tinha resultado.

Um jogo de 120 minutos em que houve mais Croácia. Estiveram por cima no jogo, com mais iniciativa e com mais bola, traduzido em 59% de percentagem de posse, contra os 41% da equipa portuguesa. É certo que estiveram melhores, mas não fizeram aquilo que Quaresma fez.

Queria que Portugal tivesse apresentado um futebol de mais qualidade mas isso nem sempre é possível. Estamos nos quartos de final e esse era o objectivo. Sem nota artística mas com capacidade colectiva, concentração, espírito de sacrifício e com a eficácia que faltou na fase de grupos. Esta história está feita.

Quinta-feira temos a Polónia. Os desafios não param e para Fernando Santos o bilhete de regresso está marcado para 11 de Julho. O seleccionador acredita na equipa e confia na sua capacidade. Qual será a receita para este novo confronto?

Quem está nos quartos de final tem mérito. Mais ou menos forte, qualquer que seja a selecção, merece todo o respeito. A Polónia não é um dos grandes nomes mas temos de pensar como se fosse. Uma coisa eu sei: está ao alcance de Portugal.

Teremos nós a iniciativa e as despesas do jogo ou seremos um pouco a imagem do último sábado, uma equipa mais de contenção, preocupada em não se desorganizar e tapar as unidades mais criativas do adversário?

A Polónia não tem a qualidade individual da Croácia mas sabe quais são as suas limitações. Por isso, joga junta - e por vezes recuada - explorando o contra ataque faz parte da sua estratégia.

Acredito que jogue desta forma na quinta-feira e nessa medida será Portugal a tomar a iniciativa. Será bom para Portugal?

Fernando Santos sabe que não pode nunca deixar a equipa partir o jogo. O exemplo da segunda parte do jogo da Hungria não é para repetir. Assumir as despesas do jogo, tentar controlar e dominar mas sempre tendo atenção ao posicionamento defensivo, no caso da nossa perda de bola ou de uma saída rápida da Polónia.

Pede-se concentração em todos os momentos do jogo. O erro é cada vez mais proibido, falhar é ter o regresso a Portugal mais próximo. A Polónia não chegou aqui por acaso e quer continuar o seu sonho.

As limitações de jogadores importantes pode condicionar o seu jogo. Um deles é o seu capitão e dos melhores avançados europeus. Lewandowski está com problemas e veremos se os ultrapassa. Apesar disto não acredito em facilidades.

Cada selecção vai ter mais tempo de intervalo entre jogos. Serão cinco dias e isso vai permitir um maior descanso aos jogadores e recuperar aqueles que têm problemas.

No nosso caso, espero que Moutinho e Ricardo Carvalho estejam recuperados. Estaremos prontos para o embate com a Polónia. Com pragmatismo e um plano mais contido ou com um jogo mais autoritário e ofensivo e de mais qualidade?

Veremos qual a estratégia a utilizar pelo seleccionador e de que forma a equipa a desempenha. Como diz Fernando santos, o que interessa é que a equipa ganhe.

Estamos de acordo mas gostava que fosse com um futebol de qualidade e atractivo, e que vissem um Portugal forte e capaz.

Vamos para as meias finais!

Força Portugal!