Depois da derrota na República Checa, por 3-1, a Académica quer fazer valer o célebre fator-casa esta quinta-feira, diante do Hapoel Telavive. O adversário diz pouco aos portugueses, tirando talvez o fato de ter eliminado o Benfica há uns anos, e, por isso, era necessário dar-lhe um rótulo. Pedro Emanuel tratou de o fazer.
«Pela cultura de jogo e a própria identidade dos seus jogadores (21 israelitas), ainda pela forma de jogar muito própria, num estilo muito competitivo, penso que poderá ser comparada com um Braga. Gostam de ter bola, têm boa circulação, bons valores individuais, e são aguerridos», analisou o treinador da Briosa, destacando ainda a experiência internacional do adversário.

Ainda assim, o técnico assegurou ter os jogadores «preparados para disputar um bom jogo, que tenha espetáculo e dê prazer ver», desejando ter, no final, «motivos para sorrir». «Será um prémio, vamos entrar com a ambição de quem joga em casa, com um sonho concretizado, mas não completamente realizado. Vamos disputar os três pontos com competência e competitividade», acrescentou.

«Este jogo é diferente, numa competição diferente, que regressa à cidade 41 anos depois. É mais um fator motivador, não só para nós no clube, mas para a cidade. Tenho a certeza de que as pessoas não nos vão deixar ficar mal e irão comparecer em grande número para poderemos celebrar juntos o futebol», apelou, relativizando a mudança de treinador do Hapoel:
«Complicar, não acredito, mas vai condicionar a preparação porque a identidade que tínhamos visto até então foi ligeiramente alterada no último jogo. Ainda passou pouco tempo, mas não deixará ser uma equipa competitiva. A nossa referência terá de ser os jogos deles no campeonato, porque com o Atlético os espanhóis tiveram grande eficácia.»
«Os bombos ou... underdogs»
A derrota em Plzen (3-1) deixou uma certa frustração nas hostes academistas dada a forma como o jogo decorreu, com os estudantes a conseguirem adiantar-se no marcador, mas a sofrer o empate no início da segunda parte num lance polémico. Pedro Emanuel rejeita comparações entre as duas equipas, mas promete muita luta.
«Com todo o respeito pela instituição, somos os outsiders, temos menos experiência e menos internacionais. Capacidade de disputar todos os jogos, sim, temo-la, mas se uma é mais forte, ou mais fraca, só o jogo poderá dizer, um pouco à imagem do que aconteceu com o Viktoria. Metade das pessoas pensou que seríamos os bombos. Afinal, entrámos, disputámos a partida, fomos competitivos e deixámos uma boa imagem. É isso que queremos deixar na Europa.»
Ora quando o técnico usou a expressão portuguesa «bombos da festa», o tradutor, coisa raramente vista naquela sala de imprensa para jogos da Académica, utilizou a palavra inglesa underdogs. Era aquela cujo significado mais se aproximaria: aquele que, numa eleição, ou no desporto, parte como o menos favorito, em contraste com o candidato principal, o top dog... como será no final?
Melhor, melhor, não há
Enquanto jogador, Pedro Emanuel ganhou esta mesma prova e também a Liga Europa, foi ainda convidado a relembrar como vivia esses momentos anteriores a cada partida. Basicamente, não havia nada melhor...
«Eles já tiveram o primeiro impacto do que é um jogo da Liga Europa, a sua organização e competitividade, agora o entusiasmo enquanto equipa vem muito do comportamento e forma como encaram estes desafios. Para mim, era o que mais entusiasmante havia, quer a Liga Europa, quer a Liga dos Campeões. O resto é mais do mesmo. Cabe agora a eles próprios sentirem, dentro de si, que é uma prova diferente e terem orgulho em participar.»