O Valladolid pede a repetição do jogo com o Valencia devido a um lance polémico com João Pereira e, na análise do ex-árbitro Pedro Henriques, o clube de Sereno deverá mesmo ver o seu pedido atendido porque há um erro do árbitro que justifica essa decisão.

Em causa está um lançamento lateral que tinha sido assinalado como favorável ao Valladolid, mas João Pereira, do Valencia, adiantou-se e marcou. Este lançamento ocorreu a 53 segundos do final do jogo e o lance, que deixou os jogadores do Valladolid confusos e a protestar, terminou com golo de Jonas, do Valencia, que selou o 2-1 final.





Ao ver as imagens, o especialista em arbitragem não tem dúvida de que houve erro. «O Valladolid tem fundamentação para o recurso. O árbitro apita e aponta claramente com o braço para o lado direito, dizendo que era lançamento para o Valladolid. Se achasse que se tinha enganado e que afinal era lançamento para o Valencia, tinha de apitar novamente e apontar para o lado esquerdo. Se achasse que o jogador do Valladolid estava a demorar muito tempo a fazer o lançamento, teria de lhe dar cartão amarelo, mas o lançamento continuaria a ser do Valladolid».

«Para o lançamento ser feito pelo Valencia, teria de ter havido um lançamento do Valladolid irregular, dois metros atrás ou à frente do sítio, por exemplo. Mas o árbitro teria na mesma de apitar e apontar. Nada disso aconteceu», frisa.

Pedro Henriques considera que «isto não é um erro de facto, como quando o árbitro não marca uma falta por que não viu, ou julgou mal, mas sim um erro de direito, ou seja, é posto em causa o espírito da lei».

Desconhecimento ou distração?

«Não consigo perceber como se faz um erro daqueles. E, tendo em conta que se trata de um árbitro de 1ª divisão, acho quase impossível que não soubesse a regra. Penso que não reparou em que fez a reposição da bola, mas, mesmo que o árbitro alegue que não viu, o erro existe na mesma», afirmou e por isso não tem dúvidas: «Tudo o que aconteceu depois é irregular».

Em relação ao pedido do Valladolid de repetir apenas o tempo de jogo que sucedeu a esse lançamento, Pedro Henriques não quis pronunciar-se sobre o que poderá ocorrer. «Em Portugal e nos jogos internacionais os regulamentos dizem que a repetição é do jogo na íntegra. Não sei se Espanha tem algum regulamento específico que permita a repetição de uma parte do jogo», explicou.

Recorde-se que, em 2005, na fase de apuramento do Mundial da Alemanha, a FIFA mandou repetir um jogo entre Uzbequistão e Bahrein devido a um erro de arbitragem. Com 1-0 no marcador, houve um penalti a favor do Uzbequistão, que deu golo, mas o árbitro considerou que houve invasão da área e marcou falta a favor do adversário, em vez de, como diz o regulamento, mandar repetir o penalti. Após um recurso, a FIFA mandou repetir o jogo desde o início.