«É um sonho, é um sonho!» Aos 16 anos, Pedro Rosário fala com toda a ilusão de quem conseguiu assinar um contrato profissional de futebol. O jovem avançado, ex-júnior do Benfica, tem viagem marcada para Itália, onde vestirá a camisola da Lazio já no próximo mês.

Acabado de chegar dos últimos dias de férias, que aproveitou para acampar com um grupo de amigos, Pedro explica o que o motiva nesta nova etapa. «Ser profissional de futebol sempre foi um sonho e agora que o consegui quero mostrar que tenho talento», conta ao Maisfutebol.

Consciente das dificuldades que representa para um jovem da sua idade afastar-se por completo da família e dos amigos, o discurso de Pedro já mostra carácter e determinação. Aliás, a aventura para este «segundo ponta-de-lança veloz e que gosta de marcar golos» começou assim que atendeu o telefonema do clube italiano. A proposta era um contrato válido por três anos, mais um de opção. O «sim» de Pedro teve de esperar, pois era preciso conversar com o Benfica. Quando o clube da Luz informou o jovem que já não contava com ele, o sonho ganhou asas.

Em Itália, Pedro Rosário vai ficar instalado na academia da Lazio. Será integrado na equipa do seu escalão, com possibilidade de jogar na equipa Primavera, o ponto de partida para o plantel principal do clube romano.

O desafio chama-se saudade

Filho de Jorge Rosário, ex-adjunto do treinador português Fernando Santos nos últimos 16 anos, Pedro está mais que habituado à saudade. Mas é no afastamento familiar que encontra «o único desafio».

«Vai ser um bocado difícil. Desde a infância, sempre vivi com a minha mãe e os meus irmãos. Mas vou ter de me habituar, o futebol profissional é mesmo assim e acredito que tenho capacidade para enfrentar o desafio. Jogar na Lazio e no campeonato italiano, que está acima do nosso, vai ser muito bom para a minha evolução», constata o jogador que aos seis anos começou no Estrela da Amadora, aos nove foi para o Odivelas e com 13 ingressou na formação do Benfica.

Do pai, que sabe bem o que é vir a casa só na Páscoa ou no Natal, Pedro ouviu vários conselhos. Mas o apoio não faltou. «Disse-lhe: 'Pensa bem, pensa bem, porque não vai ser fácil'. Por outro lado, sei que o vai fazer crescer muito como homem e que ele vai aguentar, porque é o seu sonho e tem uma estrutura mental forte», afirma Jorge Rosário, que considera o filho «um bicho raro no futebol, que joga para marcar golos».

Ciente do valor do filho, Jorge Rosário confessa que «preferia que tivesse ficado em Portugal». Sobre o futuro, prefere falar com cautela. «Qualquer miúdo que vai com um contrato profissional para Itália aos 16 anos tem um grande desafio pela frente. Mas isso só não chega. Daí a ser jogador do futebol italiano vai muito. Profissional será, até porque vai sempre jogar à bola, mas não sei até que nível chegará. Aos 16 anos não é fácil, a não ser para um Ronaldo ou um Messi, que ele não é», justifica o técnico.

Bruno Alves é o rosto da inspiração

Pedro Rosário diz que não tem «clube de eleição em Portugal», mas confessa que «simpatiza com o Porto». E quem é o seu ídolo? «Bruno Alves é um jogador que dá tudo dentro do campo e que desde novo mostrou o seu grande valor e talento. Nunca vira a cara ao jogo», responde, acrescentando que, como avançado, admira Didier Drogba.

É inegável que Pedro respira futebol e que o jogo é a sua paixão. Fora de campo, sempre arranjou tempo para ir ao cinema e estar com os amigos, duas das coisas que mais gosta de fazer.

Mas a escola também não ficou de parte. «Correu sempre bem, nunca reprovei, excepto este ano.» E para colmatar a falta dos livros nesta nova etapa fora de casa, Pedro já tem um plano bem definido: «Vou dedicar-me ao futebol, mas vou tirar um curso de línguas: Italiano, Espanhol, Francês e Inglês.»