O arranque da época ainda não trouxe nenhuma vitória, permitindo apenas somar um pontos em doze possíveis, numa altura em que a equipa se prepara para defrontar o Benfica, que por acaso até vem duas vitórias consecutivas e bastante moralizadoras. Dados suficientes, por isso, para tentar perceber como é que em Penafiel se está a trabalhar a preparação psicológica dos jogadores para o jogo desta sexta-feira.
O Maisfutebol foi falar com Jorge Silvério, psicólogo com basta experiência no futebol português e que esta época foi contratado pela equipa técnica de Luís Castro, acabando por descobrir que um dos principais motivos de moralização está precisamente no jogo desta noite. «O jogo com o Benfica da última época é um tónico importante», diz Jorge Silvério. «Neste jogo ainda mais pelas semelhanças que há passado».
Mas vamos por partes. Antes de mais, exactamente que trabalho tem sido feito? A palavra portanto ao psicólogo. «O essencial é que os jogadores acreditem nas qualidades deles. Temos feito um trabalho através de mensagens que se vão passando e que no fundo procuram transmitir aos jogadores em pequenos sinais que não têm razões para duvidar deles próprios». A vitória da última época sobre os encarnados tem sido por isso tema de muita brincadeira. «Basicamente este mesmo grupo de trabalho venceu o Benfica numa altura em que o adversário seria campeão nacional em caso de vitória. Foi um grande sucesso que eles obtiveram e aflorando-lhes esse triunfo remetemos todo o subconsciente para a qualidade que há dentro deles próprios».
Sem se tornar muito óbvio. «Também é preciso lembrar-lhes através de discursos o que já fizeram de bom, mas acaba por ser mais produtivo fazê-lo através de pequenas mensagens. Isto é um bocado como na nossa vida, quando estamos mais em baixo pensar no que já conseguimos dá-nos mais confiança para encarar o futuro. É esse trabalho que temos de fazer. Com discrição e qualidade». As palavras de Luís Castro na sala de imprensa, de resto, não foram inocentes. O técnico disse que ia tentar explorar a baixa estatura média do adversário, disse que esta é a melhor altura para defrontar o Benfica e disse que gostava de ter Petit e Manuel Fernandes porque são dois guerreiros. «Quando se faz as coisas faz-se com uma intencionalidade», diz Jorge Silvério.
«O Benfica não está num patamar assim tão superior»
Para além de trabalhar a confiança dos jogadores, o trabalho mental tem também tentado diminuir as diferenças que possam parecer existir entre as duas equipas. Entre elas a suposta boa fase encarnada. «Tem sido necessário desmistificar o bom momento do Benfica, que admito possa parecer real pelo que se lê nos jornais, mas acaba por não ser tanto assim», refere o psicólogo do Penafiel. «Ganharam um jogo em casa na Liga dos Campeões com um golo surgido apenas no fim dos noventa minutos e ganharam à U. Leiria num jogo facilitado por terem conseguido marcar em alturas muito específicas, no começo e no final da primeira parte. Portanto, e de alguma forma, o Benfica não está num patamar assim tão superior».