Nuno Mendes e Pedro Fraga venceram a etapa de repescagem, garantindo, assim, a participação nas meias-finais de double-scull ligeiro, nos Jogos Olímpicos de Pequim. O resultado da dupla lusa é o melhor que Portugal alguma vez obteve em remo nos JO.
Os remadores admitem ser difícil chegar às medalhas, mas apontam que são movidos pela fé. Arrancar na frente vai ser muito importante para os dois portugueses obterem o apuramento: «Será muito difícil pensar nas medalhas. Para já fazer uma boa final B e uma boa meia-final será óptimo».
Os portugueses levaram de vencidas selecções como as do Japão, Cuba e Hungria. Mendes destacou que a «última parte» da prova da dupla lusa «é sempre mais forte». «Sabíamos de antemão que eles iam tentar sair para liderar a corrida e nós tentámos vir o mais próximo deles para depois no fim atacar. E conseguimos», acrescentou Pedro Fraga, citado pela Agência Lusa.
A dupla fez um tempo de 6:39,07 minutos e integra o grupo dos 12 países que lutam por uma presença nas finais. «Nas meias-finais, de quinta-feira, vamos ver e definir os objectivos. Já estamos nos 12 primeiros, que era o nosso principal objectivo até aqui, mas já que aqui estamos não nos vamos ficar por aqui, espero eu», afirmou Nuno Mendes.
Os dois atletas afirmaram sentir cansaço na prova, por isso, Pedro Fraga diz ter sido tudo uma questão de fé. «Foi muito difícil desde o princípio. Esta prova era para quem mais acreditasse, porque dos seis barcos que arrancaram quatro eram muito equilibrados e só estavam em disputa duas qualificações», explicou Nuno Mendes. Perante um resultado único na história do remo em Portugal, que não marcava presença há 12 anos, a dupla lusa promete «dar o melhor» para dignificar o «remo português».
Remadores falam de tratamento desigual na federação
Os dois remadores e a Federação Portuguesa de Remo vivem um momento conturbado: os remadores afirmam ter sido «proscritos» pelo organismo, alegando tratamento diferenciado, falta de apoio e criação de problemas nos treinos.
A dupla acusa a Federação de ter «comprado barcos para quase toda a gente» menos para ambos, levando-os a competir com uma embarcação com seis anos ¿ contra adversários que têm embarcações novas.
António Rascão Marques, presidente da Federação, admitiu existirem «alguns problemas», mas não quis tecer mais comentários.
Pedro Fraga espera que o resultado alcançado possa fazer com que existam alterações, nomeadamente, ao nível dos apoios.