O presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, destacou esta quarta-feira a importância das cimeiras ibéricas no relacionamento entre Portugal e Espanha, mas defendeu que deveriam assumir uma perspectiva de «verdadeira solidariedade ibérica» para o desenvolvimento económico e social, informa a Lusa.

«As cimeiras ibéricas são mais do que válidas, mas têm sido vistas numa lógica de curto prazo, com declarações de boas intenções numa perspectiva de médio e longo prazo, e não numa lógica de verdadeira solidariedade ibérica na perspectiva do desenvolvimento económico e social», afirmou o líder social-democrata, que é também presidente do Eixo Atlântico, associação transfronteiriça que congrega munícipios do Norte de portugal e da Galiza.

Luís Filipe Menezes, que falava à Lusa a propósito da XXIII Cimeira Ibérica, que começa sexta-feira em Braga, considerou que se «deveria introduzir uma nova perspectiva de abordagem das questões ibéricas na filosofia das cimeiras entre os dois países».

Para o líder do Eixo Atlântico, a forma como são actualmente encaradas as reuniões entre os governos dos dois países existe porque «talvez nunca se tenha equacionado a ideia de que os interesses de Portugal e de Espanha podem ser complementares».

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«Espanha é um grande país e Portugal não pode ombrear de igual para igual do ponto de vista da dimensão económica e social, mas, sem uma atitude de subserviência, pode confrontar os espanhóis com a evidência de que um Portugal forte do ponto de vista económico e social pode ser importante para uma parte da Espanha, menos desenvolvida», defendeu.

Para Menezes, «Espanha pensa sempre numa perspectiva do seu território, pelo que cabe a Portugal demonstrar que podem existir sinergias que beneficiam também a Espanha».

Numa análise aos resultados das últimas cimeiras ibéricas, o líder social-democrata considerou que é chegada a altura de «encontrar o consenso necessário para que um conjunto de projectos, que podem promover o aumento da coesão peninsular, com benefícios recíprocos, sejam analisados numa perspectiva de rentabilidade do desenvolvimento económico e social, e não numa perspectiva de resolução de problemas de curto prazo».

«Um dossier em que essa nova abordagem deveria ser perspectivada tem a ver com o que deveria ser a integração de todo o sistema de transportes e comunicações numa lógica de desenvolvimento com benefícios recíprocos», defendeu, destacando a importância estratégica dos portos portugueses.

«O aumento da competitividade dos nossos portos é muito importante para Portugal, mas também é muito importante para uma faixa territorial de Espanha que está mais próxima dos portos portugueses do que dos principais portos espanhóis», afirmou.

Desenvolvimento da rede ferroviária

Essa nova filosofia de abordagem dos problemas ibéricos deveria, na opinião de Menezes, abranger também a rede de transportes ferroviários, seja de passageiros ou de mercadorias.

«Fala-se muito destes projectos numa perspectiva de ligação à Europa continental, mas a questão meramente peninsular merecia esta nova abordagem», salientou o líder da oposição em Portugal, defendendo a necessidade de se «retirar algum egoísmo e se apontar para o que pode ser o desenvolvimento económico e social dos dois países numa área territorial alargada».

Luís Filipe Menezes considerou que se trata de uma «questão vital para o futuro de Portugal», questionando se esta vertente tem sido equacionado na preparação de grandes investimentos públicos, como o comboio de alta velocidade.