O líder do PCP acusou o primeiro-ministro de «autoritarismo antidemocrático» na «ofensiva contra os professores» e de fazer «reformas inconstitucionais» na educação, apelando à participação na marcha da indignação, sábado, em Lisboa.

«Nesta matéria, nesta ofensiva contra os professores, José Sócrates já perdeu o rumo e há muito que confunde a autoridade democrática com autoritarismo antidemocrático», afirmou Jerónimo de Sousa, num encontro, em Lisboa, com professores e militantes do partido.

Numa pequena sala de um hotel da capital, Jerónimo falou, ao fim da tarde, a um grupo de professores, incluindo o secretário-geral da FENPROF, o comunista Mário Nogueira, um dos organizadores da marcha dos professores contra o sistema de avaliação dos professores lançado pelo Governo.

Mais do que a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, o alvo do líder comunista foi o primeiro-ministro e acusou o Governo de «proceder a uma reforma inconstitucional do sistema educativo».

«Este é o período mais negro da história do país no sector da educação e consubstancia um retrocesso», afirmou Jerónimo de Sousa, por considerar que as medidas do executivo põem em causa «o princípio constitucional da igualdade de oportunidades, o direito a uma formação de qualidade».

A «política de desinvestimento» na escola pública, acusou, é acompanhada pela «deslocação de apoios do Estado para o ensino privado», procurando sujeitar o sistema educativo a uma «orientação economicista» de «quem quer educação deve pagá-la».

Jerónimo de Sousa fez um apelo à participação dos professores no protesto de sábado, em Lisboa, afirmando que «a luta» deve ser contra o sistema de avaliação de professores, mas também «em defesa da escola pública, da qual depende a real igualdade de oportunidades educativas» e «o direito a uma formação de qualidade».

Os comunistas esperam que a marcha tenha uma boa participação, face «às manifestações de indignação e de protesto por parte dos professores» - «a luta atingiu níveis de participação como nunca tinha acontecido anteriormente».

São manifestações que, segundo Jerónimo de Sousa, «confirmam que a política educativa do Governo do PS não tem o apoio da esmagadora maioria dos professores».