Quase um ano depois, os grandes falharam na mesma jornada. E nem houve excessivo mérito dos adversários.

FC Porto, sem reação

O campeão exibiu a maior fragilidade entre os grandes. Começou por não acertar na entrada em jogo. Adormecido, como tantas vezes esta época, viu a coisa piorar quando Danilo cometeu uma falta absurda na grande área.

O que mais impressionou foi a incapacidade de reagir, com tanto tempo pela frente.

Sem Fernando e Lucho, e aparentemente também sem Otamendi daqui para a frente, Paulo Fonseca passou a ter de confiar em jogadores que nunca demonstrou apreciar: Defour, Quintero e Ghilas.

O belga, mais uma vez, desiludiu.

O jovem colombiano não joga hoje mais do que há seis meses, quando chegou com rótulo de grande talento. Não é bom sinal, nem para ele nem para o treinador.

O argelino, única alternativa a Jackson, é um exemplo de má gestão do plantel. Ghilas foi utilizado seis vezes em jogos da Liga. Na Madeira foi o jogo em que esteve mais tempo em campo: 18 minutos. O treinador não acredita que a equipa possa jogar com dois avançados, caso contrário já teria optado por esta solução mais vezes. Ou seja, se o argelino ainda joga alguns minutos só pode ser por uma questão de fé, ao estilo perdido por um, perdido por mil. Desperdício.

Benfica, incapacidade no pior momento

A equipa de Jorge Jesus foi incapaz de se adaptar ao relvado de Barcelos, mas todos sabiam o que iam encontrar. E se não sabiam, deviam saber.

Sem inspiração, o Benfica dispôs de duas grandes penalidades. Uma como resultado de uma entrada disparatada de um gilista. A outra só existente na cabeça da equipa de arbitragem. Aproveitou a primeira, desperdiçou a segunda. Pelo meio, foi incompetente numa bola parada (só o treinador do Benfica acha que aquilo não é uma bola parada...), como sucedia no início da época. Como se não bastasse, o guarda-redes Oblak falhou. E Siqueira foi expulso como só um principiante seria.

O Gil Vicente não pontuava desde 1 de dezembro. E não marcava um golo para a Liga desde 24 de novembro. O Benfica foi a casa da mais frágil equipa da Liga, nesta altura, e não conseguiu ganhar. Depois de minutos antes o FC Porto ter perdido, este pode ter sido um momento fundamental da Liga. Ver-se-á mais à frente, mas os campeonatos não se ganham com erros.

Sporting, o que se sabe

A equipa de Leonardo Jardim voltou a falhar em casa. Em nove jogos, ganhou cinco e empatou quatro. Ou seja, 19 pontos. Fora de casa o registo é um pouco melhor: oito jogos, seis vitórias, um empate e uma derrota. Logo, 19 pontos, menos uma partida.

Nos últimos quatro jogos, o Sporting empatou três deles sem golos. A dificuldade em marcar coincide com o pior período de Montero: depois de ter festejado em Barcelos, está há cinco partidas sem encontrar a baliza do adversário.

Ao contrário do que sucede com o FC Porto, o Sporting tem um plano b trabalhado e que já demonstrou ser eficiente. A equipa sente-se bem com Slimani na frente e Montero um pouco mais recuado, apenas dois médios. Foi assim, por exemplo, que venceu em Arouca.

Com o argelino na frente, o Sporting incomoda o adversário, agita as coisas. Sem ele, a capacidade para fazer oscilar a defesa contrária é hoje escassa. Os extremos atravessam uma fase cinzenta (Carrillo e Capel nem jogam, Wilson Eduardo não faz a diferença e tudo isto somado explica a titularidade de Carlos Mané e a aquisição de Heldon). André Martins ajuda a organizar a equipa, mas não desequilibra as coisas.

Como Slimani é sempre suplente utilizado, o Sporting, na prática, anda a oferecer algum tempo ao adversário. Se, como no caso da Académica, os erros não surgem, ainda mais difícil.

Se quer de facto lutar pelo título (e quer, basta ver a ansiedade do presidente no banco), o Sporting terá de arriscar um pouco, mais cedo. Isso poderá ter custos (a Académica chegou algumas vezes à área de Rui Patrício, porque passou a haver espaço), mas dificilmente uma equipa será campeã se não for mais do que certinha e arrumadinha. Chegou a altura de querer mais.

Outra vez o Sp. Braga

Numa jornada verdadeiramente atípica, o Sporting de Braga voltou a dizer-nos que não devemos levá-lo a sério. 

A equipa de Jesualdo dominou sem dificuldade o Belenenses, na primeira parte, mas não marcou. Regressou adormecida do intervalo e isso custou-lhe a derrota perante um adversário que só tinha duas vitórias na Liga. Os jogadores não são assim tão bons que possam jogar de pijama vestido, como se viu entre os 45 e os 60 minutos. Uma lição. Quantas mais serão necessárias?

Em suma, este campeonato começa a parecer-se com o de 2004/05, quando o menos mau ganhou a Liga. No caso, o Benfica de Trapattoni, campeão com pior média de pontos na história da competição.